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quarta-feira, 18/06/2025




EUA dizem que Irã não está fabricando bomba nuclear

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Dois meses antes do ataque de Israel ao Irã, em 25 de março de 2025, a Diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos (EUA), Tulsi Gabbard, declarou à Comissão de Inteligência do Senado dos EUA que o Irã não estava fabricando armas nucleares.

“A Comunidade de Inteligência (CI) mantém a avaliação de que o Irã não está desenvolvendo arma nuclear, e o Líder Supremo Khamenei não autorizou o programa nuclear bélico que foi suspenso em 2003. A CI continua atenta a qualquer decisão de Teerã para retomar esse programa”, comunicou a chefe da inteligência nomeada pelo presidente Donald Trump.

A posição de Tulsi Gabbard contrasta com a atual postura do governo Trump, que apoia as alegações feitas por Israel. O governo de Benjamin Netanyahu insiste que o Irã está perto de fabricar uma bomba atômica, o que o Irã nega.

Durante o encontro do G7 no Canadá, ao ser questionado por jornalistas em 17 de junho, Trump afirmou que “não se importa” com o que Tulsi Gabbard apresentou ao Senado em março e reforçou a posição de Netanyahu. “Acredito que eles estavam muito perto de obter uma [bomba],” declarou Trump.

Embora negue que o Irã estivesse construindo uma bomba nuclear, a chefe da inteligência em Washington disse ao Senado que Teerã começou a discutir publicamente sobre armas nucleares, “quebrando um tabu” em torno do assunto.

“Isso possivelmente fortaleceu os apoiadores das armas nucleares dentro do governo iraniano. O estoque de urânio enriquecido do Irã atingiu níveis recordes, um fato inédito para um país que não possui armas nucleares,” acrescentou Tulsi Gabbard.

O ex-inspetor de armas da ONU e ex-oficial de inteligência dos Fuzileiros Navais dos EUA, o analista Scott Ritter, afirmou que Trump está desconsiderando os próprios serviços de inteligência para ouvir as informações israelenses.

“Na posição de presidente dos EUA, ele permitiu que a inteligência israelense contornasse a Diretora de Inteligência Nacional e informasse diretamente ao presidente. Como cidadão americano, fico ofendido que uma potência externa assuma a liderança na comunicação sobre assuntos de guerra para os EUA,” declarou Ritter em rede social.

Os governos de Teerã e Washington estavam negociando em Omã, Oriente Médio, na sexta rodada de diálogos sobre o programa nuclear iraniano quando Israel atacou o Irã, alegando que o país estava perto de fabricar uma bomba nuclear. O Irã sempre negou estar desenvolvendo armas atômicas, afirmando que seu programa tem propósitos pacíficos.

Nas negociações em Omã, discutia-se a elevação do enriquecimento de urânio para 20%, para utilização em tratamentos médicos contra o câncer. Após o ataque, o Irã suspendeu as negociações e acusou os EUA de conluio com Israel.

Um dia antes do ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução dura, alegando que o Irã não cumpria suas obrigações e que não era possível garantir que seu programa nuclear era exclusivamente para fins pacíficos. O Irã considerou essa decisão “politicamente motivada” e acusou as potências ocidentais de manipularem a resolução.

Avaliadores consultados pela Agência Brasil sugerem que a AIEA pode estar sendo usada politicamente devido à mudança recente em sua posição sobre o Irã.

Robson Valdez, professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), destacou que há um histórico na utilização da AIEA para justificar ataques a países e ressaltou a importância de considerar o contexto atual da guerra na Faixa de Gaza.

“Fica claro que o primeiro-ministro Netanyahu está deliberadamente tentando envolver os Estados Unidos no conflito do Oriente Médio desde o início desta crise,” explicou Valdez.




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