Os cientistas buscaram avaliar quanto o novo coronavírus Sars-CoV-2 deverá persistir na população humana após o estágio inicial da pandemia
Os cientistas buscaram avaliar, para os próximos cinco anos, quanto o novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-CoV-2, deverá persistir na população humana após o estágio inicial da pandemia. Uma resposta concreta, dizem, dependerá de sabermos exatamente quanto vai durar a imunidade humana depois da contaminação ou de tomar uma eventual vacina.
Para saber isso, serão necessários estudos sorológicos urgentes, que determinem a extensão da imunidade da população, se ela diminui com o tempo e a que taxa. Essa vigilância epidemiológica dizem, deve ser mantida nos próximos anos para antecipar a possibilidade de ressurgimento. O grupo, liderado pelo epidemiologista Marc Lipsitch, elaborou vários cenários de transmissão da doença até 2025, usando estimativas de sazonalidade, imunidade e imunidade cruzada para outros coronavírus responsáveis por resfriados comuns, levando em consideração dados de séries temporais dos Estados Unidos.
Eles projetam que surtos recorrentes do Sars-CoV-2 no inverno provavelmente ocorrerão após a onda pandêmica inicial mais grave assim como ocorre com outros vírus respiratórios. Sem outras intervenções – principalmente uma vacina, um tratamento específico ou um aumento substancial da capacidade de cuidados intensivos (UTIs) -, a forma de evitar o colapso do sistema de saúde pode ser um distanciamento social prolongado ou intermitente até 2022.
“Intervenções adicionais, incluindo capacidade ampliada de cuidados críticos e uma terapêutica eficaz, melhorariam o sucesso do distanciamento intermitente e acelerariam a aquisição da imunidade do rebanho”, escrevem.
Eles dizem que os estudos sorológicos vão determinar a extensão e a duração da imunidade. “Mesmo no caso de eliminação aparente, a vigilância de Sars-CoV-2 deve ser mantida, pois um ressurgimento do contágio pode ser possível até 2024”, escrevem. Segundo os pesquisadores, a incidência total da doença nos próximos cinco anos dependerá criticamente de o coronavírus entrar ou não em uma circulação regular entre as pessoas, questão que está ligada à duração da imunidade.
Para os resfriados comuns causados por outros coronavírus comuns entre humanos, a imunidade dura em geral um ano. Nas estimativas feitas no trabalho, os cientistas consideraram que a imunidade ao Sars-CoV-2 induzida pela infecção poderia durar dois anos.
“O distanciamento altamente eficaz poderia reduzir a incidência de SarS-CoV-2 o suficiente para tornar factível uma estratégia baseada em rastreamento de contatos e quarentena, como na Coreia do Sul e Cingapura”, escrevem eles. Do contrário, esforços de distanciamento menos eficazes “podem resultar em uma epidemia prolongada de pico único, com a extensão da pressão sobre o sistema de saúde”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.