Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) realizaram, em 24 de maio, o lançamento de um balão destinado à estratosfera, alcançando uma altura aproximada de 30 quilômetros. O projeto, liderado pelos professores Luiz Roncaratti, do Instituto de Física, e Gabriela Possa, professora de engenharia aeroespacial da Faculdade de Ciências e Tecnologias da UnB, envolve alunos dos cursos de física, engenharia aeroespacial, mecânica e biologia para captar imagens e coletar dados atmosféricos para experimentos científicos.
Planejado durante mais de um ano e lançado em abril, o balão continha uma sonda com sensores que medem pressão, temperatura, radiação ionizante e intensidade luminosa, além de câmeras e equipamentos de localização. O balão foi lançado no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, e monitorado por rádio até sua queda em uma área rural entre Planaltina (DF) e Formosa (GO). O equipamento foi recuperado com pequenos danos externos, e os dados coletados estão sendo analisados pela equipe de pesquisadores.
O experimento também transportou amostras de microalgas para estudar sua resposta a condições extremas de frio, baixa pressão e alta radiação, simulando o ambiente da estratosfera.
O processo exigiu cuidados técnicos e autorizações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo e da Força Aérea Brasileira (FAB), além de planejamento de trajeto e desenvolvimento de sistemas de rastreamento. O projeto teve custos aproximados de R$ 10 mil, parcialmente financiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
Luiz Roncaratti destacou que a iniciativa visa integrar diferentes áreas do conhecimento e mostrar aos estudantes que a ciência prática pode ser realizada na graduação. Cada aluno teve papéis específicos na preparação, lançamento e monitoramento do balão.
Entre os participantes, Lucas Alexandre, estudante de engenharia aeroespacial, foi responsável pela comunicação por rádio e rastreamento, utilizando o sistema digital APRS para localizar a cápsula durante e após o voo. Caio Martins, recém-formado em física, colaborou nos cálculos, projeções, lançamento e análise dos dados coletados, ressaltando a importância do trabalho coletivo e a aproximação entre estudantes de diversas áreas. Ludmilla Rocha, aluna de biologia, preparou por quase um ano as amostras de microalgas para a missão, com o intuito de avaliar seu comportamento em condições adversas.
A missão, com duração de aproximadamente 2h30 desde o lançamento até a recuperação do equipamento, mostrou que o balão, de 2 metros de diâmetro ao nível do solo, subiu por cerca de 1h40 até estourar na altitude prevista, próxima a 30 km. A cápsula caiu suavemente graças a um micro paraquedas, garantindo a integridade dos dados coletados.
O êxito da ação permite que a equipe avance nas etapas de análise e divulgação dos resultados, com planos para novas missões, ampliação dos sensores embarcados e expansão do projeto na universidade. As imagens capturadas mostram a curvatura do planeta, as nuvens e o escurecimento do céu a essa altitude.
Luiz Roncaratti comentou sobre a execução do projeto, enfatizando o valor da iniciativa para aproximar a teoria da prática científica, estimular o interesse dos alunos e promover experiências interdisciplinares que contribuem para a formação acadêmica e pessoal dos participantes.