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quinta-feira, 23/10/2025

Esposa de ex-procurador do INSS não responde perguntas na CPMI

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A esposa do ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, Thaisa Hoffmann Jonasson, permaneceu em silêncio durante a maior parte de seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Dona de empresas de consultoria, ela é apontada pelos membros da comissão como uma figura ligada ao esquema de desvio de recursos de aposentados e pensionistas.

Com o apoio de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Thaisa usou o direito de não responder perguntas que pudessem lhe incriminar. Sua advogada, Izabella Hernandez Borges, esclareceu que Thaisa não aceitaria o compromisso de dizer a verdade, pois é investigada e há um pedido de prisão preventiva contra ela.

Esquema e movimentação de dinheiro

A suspeita movimentou cerca de R$ 18 milhões relacionados ao esquema. As investigações indicam que a maior parte do dinheiro foi paga por um lobista conhecido como Careca do INSS, Antônio Carlos Camilo Antunes, que teria movimentado R$ 2 bilhões em fraudes. As empresas de Thaisa – Curitiba Consultoria e Centro Médico Vitacare – receberam quase R$ 11 milhões do Careca do INSS. Outra empresa dela, THJ Consultoria, recebeu R$ 3,5 milhões de outro grupo suspeito com base em Sergipe, conforme informou o relator da CPMI, Alfredo Gaspar.

Segundo o parlamentar, as fraudes envolviam a falsificação de autorizações de idosos para que se tornassem mensalistas de serviços prestados por associações e sindicatos, com descontos automáticos nas aposentadorias e pensões via acordos fraudulentos com o INSS.

“É lamentável que a senhora saia desta CPMI como responsável por lavar dinheiro dos aposentados e pensionistas. A senhora teve uma grande chance de provar que não recebeu propina para seu marido, enquanto procurador-geral do INSS”, declarou o relator.

Pagamento por serviços médicos

Em algumas respostas, Thaisa afirmou ter recebido dinheiro de três empresas ligadas ao Careca do INSS como pagamento por pareceres médicos. Médica endocrinologista, ela prometeu apresentar documentos que comprovam os serviços a partir de 2022.

“Dou um exemplo: se um paciente conhece uma das causas da osteoporose, como a baixa massa muscular, posso tratá-lo com dieta e exercícios adequados. Meu objetivo é fornecer informações detalhadas para melhorar a qualidade de vida dos idosos”, explicou.

O relator também mencionou reportagens que apontam negociações de um imóvel de R$ 28 milhões em Santa Catarina por Thaisa e seu marido. Virgílio de Oliveira Filho teria adquirido um carro Porsche e outros veículos de luxo após a deflagração da Operação Sem Desconto, em abril de 2025, o que é incompatível com o salário de servidor público, segundo o deputado.

Imóvel em Camboriú

O presidente da CPMI, Carlos Viana, afirmou que a depoente estava bem orientada pela defesa.

“Ela tem o direito de ficar em silêncio, mas os fatos já mostram a situação: o marido é procurador do INSS e adquiriu um dos imóveis mais caros em Balneário Camboriú por 28 milhões”, disse.

Na tarde de quinta-feira, em Brasília, a CPMI ouvirá o depoimento do ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho. As investigações indicam que ele recebeu R$ 11,9 milhões de empresas associadas a grupos investigados por descontos irregulares em benefícios previdenciários.

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