Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, é preciso entender que a pandemia não acabou
O governo paulista estuda manter o uso de máscara em hospitais, unidades de saúde e transporte público, mesmo após desobrigar o uso da proteção em locais fechados. O estado pretende discutir em duas semanas se vai acabar com a exigência do item em locais cobertos.
À Rádio Eldorado, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse nesta quinta-feira, 10, que algumas exceções serão mantidas para preservar a saúde da população. “Muito possivelmente, se as coisas se mantiverem com essa evolução, em 15 dias também estaremos retirando as máscaras nos locais fechados, exceto nas unidades de saúde, hospitais e transporte público”, afirmou. A obrigatoriedade no transporte público, por exemplo, será mantida dentro dos coletivos, assim como nos terminais urbanos.
“Existem aglomerações nas bilheterias e nas filas. Claro que vamos analisar tudo isso com o comitê científico para detalhar melhor essas estratégias, que ainda vão ser definidas para as próximas duas semanas. Mas, sem dúvida alguma, essa é uma unanimidade de todo o grupo, entendendo que alguns locais e algumas situações precisamos preservar a nossa população ainda neste momento”, disse Gorinchteyn.
De acordo com ele, é preciso entender que a pandemia não acabou. “Temos uma diminuição da circulação do vírus. Precisamos ainda preservar algumas situações ainda de aglomeração que são inevitáveis”, destacou.
Já nas salas de aula, a expectativa é que a obrigatoriedade deixe de existir daqui a algumas semanas. “Entendemos que estamos avançando, como eu disse, na própria vacinação das crianças. Mesmo com apenas uma dose, elas têm resposta [imune] muito robusta. Produzem muito mais anticorpos, que se mantêm por período mais prolongado”, explicou.
Na quarta-feira, 9, o governo de São Paulo desobrigou o uso de máscara para alunos, professores e outros funcionários nos espaços abertos das escolas, mas manteve a exigência nas salas de aula e locais fechados.
A liberação desta semana abrange também estádios, parques, centros abertos para eventos, autódromos e áreas correlatas. Os estádios de futebol, assim como os demais estabelecimentos e espaços de eventos, também poderão voltar a ter 100% do público.
Coronavac para crianças pequenas
Sobre crianças de zero a 4 anos que ainda não estão aptas a receber a vacina contra a covid-19, Gorinchteyn disse que se reuniu na quarta com a Agência Nacional de Saúde (Anvisa), Instituto Butantan e a Universidade do Chile para tratar do assunto. O governo pleiteia a liberação da Coronavac para crianças de 3 e 4 anos. Alguns países, como a China, já imunizam essa faixa etária.
“Discutir a imunização de crianças de 3 a 4 anos e 11 meses, uma vez que eles já têm trabalhos bastante robustos que trazem uma sinalização de bastante segurança. A vacina do Butantan é uma vacina bastante segura para as crianças. É capaz que a gente já tenha, depois desses dados que já foram mostrados, nas próximas duas ou três semanas, alguma liberação também para esse público etário. Será algo muito importante, principalmente porque são aquelas crianças que já vão para a escolinha”, acrescentou.
Gorinchteyn disse ainda que a pasta permanece com análise diária dos dados da saúde, principalmente pós-feriado de Carnaval. “A gente sempre olha os dados da saúde. [Tivemos] Queda de internação de 66% nas últimas quatro semanas. As mortes caíram 56% e os casos, 54%. Esses números estão aliados a nossa meta, que foi atingida. Aquela meta colocada em 17 de janeiro de 2021, quando a gente disse que 90% da população-alvo precisa ser vacinada idealmente com duas doses”, acrescentou.
“Além disso, São Paulo tem a terceira dose em mais de 65% da população. Ela está protegida para que a gente possa dar esse passo importante de retirada das máscaras em locais abertos” destacou o secretário. Sobre os próximos dois feriados de abril (Páscoa e Tiradentes), ele acredita não haver preocupação.
Campanha da gripe
Segundo o secretário, não há expectativa da vacinação da gripe ser antecipada no estado de São Paulo, embora o Ministério da Saúde estude a possibilidade. Na rede pública, a campanha costuma ser a partir de abril. “Não estamos com nenhum surto ou epidemia de gripe que necessite nesse momento a antecipação. Mas estaremos vacinando. Isso é fundamental, principalmente para prevenir [o contágio] por suas formas graves, em públicos especialmente vulneráveis”, afirmou.
As clínicas particulares de São Paulo pretendem começar até o fim de março a campanha da gripe de 2022. Algumas unidades já fazem agendamento para o início da aplicação domiciliar a partir do dia 25. Os novos imunizantes são adaptados à cepa Darwin do vírus, que causou um surto de casos no Brasil no fim do ano passado.