O presidente ressaltou que o realinhamento dos preços administrados em relação aos preços livres, processo que começou no ano passado, pressionará a inflação neste trimestre. Mas, “já a partir de abril, deveremos observar a inflação mensal em patamar bem inferior ao registrado nos três primeiros meses do ano, quando ocorreu concentração de realinhamento de preços administrados”, avaliou Tombini.”Nesse cenário, cabe à política monetária o dever de conter os efeitos de segunda ordem decorrentes dos ajustes de preços relativos ora em curso, assegurando as condições necessárias para garantir a convergência da inflação para o centro da meta em 2016”, concluiu.
Cenário externo
A economia global continua em recuperação, ampliando gradualmente a sua taxa de expansão, mas ainda de forma bastante desigual. Enquanto os Estados Unidos apresentam melhoras nos indicadores de consumo e mercado de trabalho, o nível de atividade econômica na Europa continua fraco e desigual. Na China, o processo de desaceleração gradual dos índices de crescimento se mantém. Ainda avaliando o contexto externo, Tombini ressaltou o fortalecimento do dólar americano, que alcançou o maior patamar dos últimos 12 anos.
“O dólar índex, que mede a valorização do dólar norte-americano contra as seis principais moedas, valorizou-se 21% somente nos últimos doze meses. A valorização do dólar contra o Euro, nesse mesmo período, foi superior a 20%. Ou seja, a valorização do dólar é um fenômeno global, que tem implicações inclusive para os Estados Unidos, uma vez que parte do seu crescimento depende da economia global e uma valorização da sua moeda pode suprimir um pouco o seu ímpeto de expansão”, explicou o presidente.
Considerando esse cenário, Tombini lembrou que o programa de swaps cambiais que o BC implementou em agosto de 2013 tem atingido o objetivo de dar proteção aos agentes econômicos contra mudanças abruptas na taxa de câmbio. Destacou que o programa tem importante papel no âmbito da estabilidade financeira e também da estabilidade da própria economia. “Atualmente, mais de 80% do estoque de swaps está alocada com empresas não financeiras para proteger seus compromissos com o exterior ou com investidores não residentes para proteger seus ativos no país”, disse.
Ele ressaltou ainda a importância do programa para o equilíbrio do balanço do BC. “Dentro de parâmetros admissíveis de risco e de retorno, o programa de swap cambial representa também importante instrumento de suavização dos efeitos decorrentes das oscilações da taxa de câmbio – valorizações e desvalorizações do Real – no balanço do Banco Central, uma vez que seu impacto é simétrico, mas com sinal invertido, ao das reservas internacionais. Além disso, não representa comprometimento às reservas internacionais, uma vez que os swaps cambiais são liquidados em reais”, finalizou.