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terça-feira, 08/07/2025

Dólar pode cair para R$ 5,40, mas tem risco de alta com situação fiscal

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Após um aumento de quase 30% em 2024, ultrapassando a marca de R$ 6,00 e alcançando seu maior valor histórico, o dólar à vista apresentou uma queda superior a 11% frente ao real no primeiro semestre, atingindo abaixo de R$ 5,50.

Muitos analistas veem possibilidade do dólar baixar para R$ 5,40 no curto prazo. Instituições financeiras como Itaú Unibanco, BTG Pactual e MCM 4intelligence ajustaram para baixo as projeções do dólar para o fim do ano, porém ainda esperam que a moeda americana encerre o ano em valores maiores devido a preocupações fiscais internas.

Especialistas acreditam que a tendência global de enfraquecimento do dólar deve continuar. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes, caiu mais de 10% em 2025, refletindo dúvidas sobre a economia dos EUA após a guerra tarifária iniciada pelo presidente Donald Trump.

Além disso, o real ganha suporte da manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano por um período prolongado, conforme indicado pelo Banco Central, incentivando operações de carry trade.

A principal incerteza é se esses fatores favoráveis conseguirão compensar a redução sazonal do fluxo cambial no segundo semestre e o possível aumento da percepção de risco fiscal.

Recentemente, a rejeição pelo Congresso do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) reacendeu o debate sobre o descumprimento das metas fiscais, especialmente a de 2026, que estipula superávit primário de 0,25% do PIB. Outro fator de instabilidade potencial é a corrida presidencial de 2026.

Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, mantém uma visão pessimista sobre o real, apesar de ter revisado sua projeção da taxa de câmbio de R$ 6,50 para R$ 6,00. Ele destaca que o principal desafio para o real será o aumento do risco soberano brasileiro devido ao crescimento do endividamento público, que ainda não está refletido nos preços do mercado.

Padovani também comenta que o impacto negativo da piora fiscal pode ser amenizado pelas expectativas políticas em torno das eleições de 2026, que podem trazer um viés positivo para o real, embora ele ainda antecipe um real mais fraco no final do ano.

A MCM 4intelligence compartilha uma visão cautelosa para o segundo semestre, apesar de ter reduzido recentemente a previsão do dólar para o fim do ano, de R$ 5,80 para R$ 5,70. A consultoria ressalta que as incertezas fiscais e políticas, que atualmente têm pouco impacto no câmbio, devem ganhar importância.

O cenário político conturbado e a fragilidade fiscal do governo, intensificados pelos desentendimentos entre Executivo e Congresso, devem enfraquecer a moeda brasileira nos próximos meses.

Daniel Miraglia, economista do Integral Group, tem uma perspectiva mais otimista, acreditando que o dólar pode cair ainda mais e terminar o ano em níveis inferiores aos atuais, beneficiado pela fraqueza global da moeda americana, menor risco geopolítico e cortes nas taxas de juros nos EUA.

Miraglia destaca que a rejeição do aumento do IOF indica uma mudança na base de apoio ao governo, favorecendo um candidato da oposição com foco em austeridade fiscal, o que pode ser positivo para os ativos locais e para o real.

Mansueto de Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, também revisou para baixo as projeções para o dólar, indicando valores de R$ 5,50 para o fim de 2024 e 2026, ressaltando que o câmbio no próximo ano dependerá dos fatores políticos e da abordagem da próxima administração para o déficit fiscal.

Por fim, o Itaú Unibanco revisou suas estimativas para o dólar, levando em conta o enfraquecimento global da moeda americana, a taxa de juros brasileira elevada e um prêmio de risco contido, adotando uma postura cautelosa diante das dúvidas fiscais e pressões externas.

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