SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar iniciou a quinta-feira (26) praticamente estável, com os investidores analisando a rejeição dos decretos que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), ocorrida na noite de quarta-feira (25) pelo Congresso Nacional.
No cenário internacional, o mercado segue atento às decisões sobre o conflito entre Irã e Israel, onde o cessar-fogo estabelecido na segunda-feira (23) ainda não foi confirmado como definitivo.
Às 9h04, o dólar registrava uma leve queda de 0,03%, cotado a R$ 5,5559. No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,69%, a R$ 5,557, enquanto a bolsa caiu 1,01%, aos 135.767 pontos.
Sobre a decisão do Congresso em relação ao IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo estuda três caminhos para reagir: recorrer à Justiça contra a derrubada do aumento do imposto, encontrar uma nova fonte de receita ou promover cortes adicionais no orçamento, cujo impacto seria sentido por todos.
Em entrevista ao videocast da Folha de S.Paulo, o ministro disse que a decisão final caberá ao presidente Lula, mas defendeu que o governo judicialize a questão, afirmando que juristas do governo veem a decisão do Congresso como claramente inconstitucional.
Haddad recordou que acreditava ter alcançado um acordo satisfatório para ajustar as alíquotas do IOF numa reunião com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, em 8 de junho. Ele expressou surpresa diante da mudança de postura e afirmou não compreender o que teria alterado a decisão do Congresso.
Na quarta-feira, o Banco Central realizou dois leilões para aumentar a oferta de dólares no mercado – um de venda à vista e outro de swap cambial reverso, totalizando US$ 2 bilhões em operações. Essas medidas são feitas para controlar a cotação do dólar, influenciando a oferta e a demanda da moeda.
Profissionais do mercado avaliam que o Banco Central busca impactar o cupom cambial, que representa a diferença entre as taxas de juros em reais e em dólares, afetando o custo das operações de proteção cambial.
Apesar dos leilões, o dólar subiu em relação a moedas fortes e emergentes, acompanhando o movimento global que permanece influenciado pela instabilidade no Oriente Médio.
Os países envolvidos sinalizaram uma suspensão temporária dos ataques aéreos, mas o cessar-fogo permanece frágil, com riscos de novos confrontos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a trégua na segunda-feira, que entrou em vigor na madrugada de terça, mas relatos de ataques recentes mostram a delicadeza do acordo.
Enquanto isso, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou perante o Congresso que não há pressa para reduzir a taxa de juros, pois o banco central está avaliando os efeitos econômicos das tarifas estabelecidas pelo governo americano e os potenciais impactos do conflito no Oriente Médio.
No Brasil, o ambiente político segue tenso com a reação do governo à derrubada do aumento do IOF. Aliados de Lula defendem a judicialização da decisão, alegando que a iniciativa visa cobrar mais dos ricos em benefício dos mais pobres. Entretanto, essa postura pode intensificar o conflito com deputados de centro e direita, evidenciado pelo apoio expressivo à derrubada do decreto na Câmara, com quase 400 votos contra o governo.