VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Na segunda-feira, o dólar encerrou o dia com uma queda de 0,40%, cotado a R$ 5,504, acompanhando a desvalorização da moeda americana no cenário internacional. No acumulado do ano, a moeda apresenta queda de 10,92%. A Bolsa de Valores também registrou baixa, caindo 0,41% e fechando aos 136.550 pontos, influenciada principalmente pela Petrobras, após forte queda nos preços do petróleo.
Esses movimentos ocorreram em meio às crescentes tensões no Oriente Médio, envolvendo Irã, Israel e os Estados Unidos, com este último apoiando Israel e atacando instalações nucleares iranianas, desencadeando contra-ataques iranianos em bases militares americanas no Qatar e no Iraque.
As incertezas refletiram-se nos mercados globais, com Bolsas europeias e asiáticas fechando em queda. No entanto, as bolsas americanas subiram diante da percepção de que o contra-ataque iraniano foi simbólico e não indicou fechamento do estreito de Hormuz.
O dólar perdeu valor frente a outras moedas, com o índice DXY caindo 0,34%, para 98,37, ao final do pregão.
O conflito entre Israel e Irã entrou no décimo primeiro dia, impulsionado pelo ataque dos EUA a três instalações nucleares iranianas com bombardeiros B-2 e bombas de alta potência, incluindo a usina de enriquecimento de urânio de Fordow.
Em retaliação, o Irã lançou mísseis contra a maior base militar americana no Oriente Médio, Al-Udeid, no Qatar, e também contra instalações no Iraque, embora tenha garantido que o ataque não representava ameaça ao Qatar e que a base atacada está distante de áreas civis.
O Qatar informou que não houve vítimas e condenou o ataque, afirmando estar preparado para responder conforme o direito internacional.
Na sequência, Israel também realizou ataques a alvos militares no oeste do Irã e instituições do governo iraniano, incluindo novos bombardeios em Fordow.
Apesar da escalada, os movimentos nos mercados foram moderados, com investidores indo na linha de que as ações militares até o momento foram limitadas.
Eduardo Moutinho, analista do Ebury Bank, destacou que os investidores mantêm a esperança de que não haverá um conflito prolongado.
Alison Correia, analista da Dom Investimentos, observa que o mercado pode estar digerindo os recentes eventos e apostando que não haverá novas ofensivas.
Luciano Carvalho, CEO do banco Moneycorp, atribui a queda do dólar frente ao real à pressão global sobre a moeda americana e à atratividade do Brasil devido à política monetária do Banco Central brasileiro.
O conflito iniciado por Israel visa impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã, que retaliou com mísseis e drones, tornando a região mais instável.
Essa situação aumenta a incerteza sobre inflação e crescimento econômico, afetando mercados de câmbio, ações e preços do petróleo, especialmente pelo risco do Irã fechar o estreito de Hormuz, passagem crucial para o transporte de 20% do petróleo e gás liquefeito globais.
O fechamento do estreito poderia elevar significativamente os preços de energia, impactando a economia mundial.
Como o estreito permanece aberto, os preços do petróleo caíram. O barril de Brent despencou 8,87%, para US$ 70,18, e o WTI caiu 10,34%, a US$ 67,26.
Na esteira da queda do petróleo, as ações da Petrobras caíram significativamente, puxando para baixo a Bolsa paulista. As ações ordinárias da PETR3 recuaram 2,81%, a R$ 34,90, e as preferenciais PETR4 caíram 2,86%, a R$ 31,88.
Enquanto isso, as Bolsas europeias e asiáticas também caíram, com exceção dos principais índices chineses e americanos, que tiveram alta. O S&P 500 subiu 0,96%, o Nasdaq avançou 0,94% e o Dow Jones cresceu 0,89%.
No Brasil, o foco dos investidores voltará para dados de inflação e para as declarações dos bancos centrais.
Na agenda doméstica, destacam-se a divulgação da ata da reunião do Banco Central, na terça-feira, e os números do IPCA-15 de junho, na quinta.
Na última reunião, o Banco Central elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15%, o maior patamar desde 2006.
Esse aumento faz parte de um ciclo iniciado em setembro, com sete altas consecutivas, acumulando aumento de 4,5 pontos percentuais.
A decisão surpreendeu parte do mercado, que esperava manutenção da taxa ou menor aumento.
Uma Selic alta torna o real mais atraente para investidores, especialmente diante de cortes ou manutenção das taxas em outras economias.
Analistas revisaram para cima a previsão da taxa de juros para este ano, elevando para 15%.
O boletim Focus indica expectativa de inflação menor e crescimento do PIB mais forte, com previsão do IPCA em 5,24% e PIB em 2,21%.
Nos EUA, o destaque será o depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e os dados do índice PCE, indicador preferido da inflação pelo Fed.
A vice-presidente do Fed, Michelle Bowman, indicou que o momento de reduzir juros pode estar próximo, comentando que a inflação está se aproximando da meta.
Na última reunião, o Fed manteve os juros entre 4,25% e 4,50%, observando a economia com certa cautela.
Bowman também avaliou que as políticas comerciais dos EUA terão impacto mínimo sobre a inflação e que poderia apoiar um corte de juros já em julho, caso a inflação continue controlada.
As negociações comerciais dos EUA com parceiros como Japão e União Europeia seguem em andamento e qualquer novidade poderá influenciar os mercados.