Dólar mais caro que o euro? Alta de juros nos Estados Unidos impulsiona preço da moeda americana no mundo
O Índice Dólar (DXY), referência para a variação de preços da moeda americana no mundo, atingiu a máxima desde 2002 nesta quinta-feira, 12, ao bater 104,54 pontos.
O índice é formado por uma cesta de divisas fortes, que representam a maior parte das negociações de dólar no mundo. Somente neste ano o DXY subiu mais do que em 2021 inteiro. A valorização acumulada nesses primeiros meses de 2022 foi de 8,8% contra 6,7% do ano passado.
A aceleração do movimento de alta coincide com o início do aperto monetário do Federal Reserve, o banco central americano.
Dólar mais caro que euro?
Juros mais altos se traduzem em títulos mais rentáveis, que obrigam investidores a trocarem suas moedas por dólar para comprá-los. O euro, que representa 57,6% do DXY, está entre as moedas que mais têm sofrido com a alta de juros dos Estados Unidos.
Isso porque o diferencial de juros entre as economias europeia e americana tem crescido, já que o Banco Central Europeu tem sido mais cauteloso sobre o aperto monetário, dado os potenciais efeitos na atividade econômica — já combalida pela guerra na Ucrânia.
Desde o início do ano, o euro se desvalorizou 8,19%, passando a ser negociado próximo de US$ 1,04. Ou seja, se cair mais 5%, será possível comprar mais euro do que dólar com a mesma quantidade de dinheiro.
Real mais fraco
Mas a situação tampouco tem sido favorável para o real. A moeda brasileira, que teve forte valorização no começo do ano, perdeu força, conforme os preços de commodities resfriaram e cresceram as expectativas de um aperto monetário mais duro nos Estados Unidos. Nem mesmo a Selic em 12,75% — e com novas altas já precificadas — tem segurado os dólares no país.
No ano, o dólar ainda acumula queda de 7% contra o real. Porém, o cenário já é bem diferente de meados de abril, quando a queda acumulada no ano chegou a 17%. A valorização do dólar no mundo é apontada por economistas como um dos fatores de apreciação da moeda no Brasil.
Ainda que o saldo da divisa brasileira siga positivo, o consenso do mercado é de que o melhor momento do real já ficou para trás. A saída de estrangeiros da bolsa a partir de abril e a busca por ativos defensivos em meio a temores de uma recessão causada pela alta de juros são sinais que reforçam o dólar mais forte no país.
O consenso de economistas, segundo o boletim Focus, é de dólar a R$ 5 para o fim do ano e — pelo menos — até 2025.