Próxima de completar dois anos, a Mimosa foi uma das primeiras festas de Brasília com entrada franca que a geração descolada de 20 e poucos anos ouviu falar.
Coloque o pé na rua em qualquer dia da semana que você pode ter acesso a pelo menos um evento cultural gratuito. De baladas a exposições internacionais, a cidade tem de tudo um pouco de graça ou quase de graça. Essas atividades culturais que não cobram um tostão de entrada começaram a tomar o gosto do público quando museus, campus de universidades e locais públicos começaram a ceder seus espaços. Hoje a ideia faz sucesso, e não faltam opções para quem está com a grana curta e, mesmo assim, quer se divertir.
O empresário Lucas Hamú é quem comanda as atividades do café Objeto Encontrado, que também conta com uma galeria de arte e serve como palco para exposições, feiras e até baladas. Isso ajuda a manter a casa sempre cheia, com um fluxo de público diversificado. “Tenho clientes que são fixos do café e aqueles que só vêm em dia de festa”, explica. O clima é de descontração total: quem quiser, e muitos querem, pode levar lenços e cangas para colocar no chão durante as festas e até uma ou duas garrafas da sua bebida predileta (custo zero). “Eu não proíbo, mas também não incentivo ninguém a trazer nada”, brinca Lucas.
Até o fim desta semana, o público pode conferir a exposição Coletiva de setembro, com obras de arte contemporânea (todos à venda, e com 50% de desconto) que promete movimentar os corredores e jardins do pequeno e agitado café-galeria.
Próxima de completar dois anos, a Mimosa foi uma das primeiras festas de Brasília com entrada franca que a geração descolada de 20 e poucos anos ouviu falar. “Trabalho para que a cidade não seja mais descrita como ‘o lugar em que as pessoas não se encontram na rua’. Por isso fazemos eventos de graça, com boa música e gente do bem”, explica o DJ e produtor do evento Sandro Biondo, que expandiu as fronteiras e exportou a balada para Goiânia, onde deve acontecer no Parque Vaca Brava em outubro; e para São Paulo, com uma estreia de sucesso na mítica rua Oscar Freire, semana passada.
Neste sábado, o ator Rodrigo Fischer se apresenta com a peça Misanthrofreak — encenada no Cena Contemporânea — no teatro Sesc, em Taguatinga, de graça. Dividido entre suas residências no DF e em Nova York, ele diz que o pensamento do norte-americano é completamente diferente do nosso. “Enquanto o brasileiro tem uma certa resistência com eventos e programas gratuitos, achando que a qualidade é inferior, o americano sabe que pode encontrar coisas incríveis na rua. Sabe que os eventos são organizados e seguros”, destaca.
O argumento faz sentido quando Fischer explica que, em mais de uma oportunidade, se apresentou gratuitamente para menos de meia dúzia de pessoas, no Brasil. “E ninguém imagina que existem instituições e até ações do governo que possibilitam que aquela apresentação seja tão boa quanto uma outra qualquer. Não é de graça porque é ruim”.
Com 245 imagens divididas entre duas galerias e mais de 50 painéis externos, a exposição Gênesis, de Sebastião Salgado, fica em Brasília até o fim de outubro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “É um ótimo programa para se fazer sozinho, do jeito que o pessoal daqui gosta”, brinca o artista plástico Kim Meireles, que sonha em mostrar seu próprio trabalho naqueles corredores.