ISABELLA MENON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) virou réu na Justiça acusado de violência doméstica contra sua ex-mulher, a influenciadora Cíntia Chagas. O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia por perseguição, violência psicológica e física, além de pedir prisão preventiva por descumprimento de medidas cautelares.
Na última terça-feira (4), a Justiça aceitou a denúncia, mas rejeitou o pedido de prisão preventiva. O juiz avaliou que, apesar da gravidade dos atos e do desrespeito às ordens judiciais, a prisão preventiva não é necessária no momento.
Lucas Bove foi multado em R$ 50 mil por descumprir medidas protetivas, valor que já havia sido fixado anteriormente para garantir o respeito às decisões judiciais e evitar repetição das ações.
O juiz observou que Bove realizou transmissões ao vivo comentando o processo e fez publicações após o pedido de prisão.
Nossa reportagem apurou que a defesa do deputado declarou que o pedido de prisão foi indeferido e que ele poderá provar sua inocência com provas concretas. A defesa também afirmou que, em situação anterior, a acusadora já havia feito acusações falsas contra outro homem, que foi absolvido e indenizado.
Por sua vez, Cíntia Chagas disse em nota que Bove a acusou de mentirosa e criticou a delegada e o Ministério Público. Ela afirmou que continuará confiando na Justiça, apesar das dificuldades.
A advogada de Cíntia, Gabriela Manssur, comentou que a aceitação da denúncia é um passo importante no combate à impunidade e na aplicação da Lei Maria da Penha, incluindo violência digital e institucional.
Segundo a advogada, depois de um ano e três meses, a Justiça prevaleceu, superando o sofrimento, silenciamento e ameaças enfrentadas por Cíntia Chagas.
O Caso
Cíntia Chagas prestou depoimento em setembro do ano passado, relatando abusos durante mais de dois anos de relacionamento com o deputado Lucas Bove. Eles se separaram em agosto.
De acordo com a influenciadora, o problema começou com ciúmes excessivos, com Bove pedindo constantemente provas, como fotos e vídeos de onde ela estava.
A situação teria evoluído para agressões verbais e físicas. Cíntia conta que Bove a humilhava com xingamentos e chegou a agredi-la fisicamente, chegando a jogar uma faca que a atingiu na perna.
Após a denúncia, a Delegacia da Mulher abriu inquérito e conseguiu medidas protetivas para Cíntia. A delegada denunciou Bove por violência psicológica e perseguição, mas não por violência física, por falta de provas suficientes no inquérito.
A decisão gerou críticas da defesa da vítima, que buscava a inclusão da violência física na denúncia. O Ministério Público, porém, ampliou a denúncia para incluir esse tipo de violência.
Cíntia Chagas comentou a decisão da promotoria pelas redes sociais, afirmando sentir alívio e continuar acreditando na Justiça.
