Aos 73 anos, o carioca Geraldo Amador começa um novo período em sua vida, agora envolto em acolhimento, dignidade e carinho. Depois de muitos anos vivendo sozinho em situação vulnerável, ele recebeu suporte das equipes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho e do Hospital Cidade do Sol (HSol), unidades geridas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). Esse cuidado possibilitou sua entrada em uma casa de longa permanência para idosos no Distrito Federal.
A vida de Geraldo foi marcada por perdas e resistência. Ele chegou a Brasília nos anos 1970, após perder a esposa, deixando seus quatro filhos no Rio de Janeiro, sob os cuidados da família materna. Com o passar do tempo, perdeu contato com todos. Trabalhou como caseiro em uma chácara no Lago Oeste por muitos anos, até que problemas de saúde e a idade avançada o impediram de continuar.
Em novembro de 2024, fragilizado e sem apoio familiar, Geraldo deu entrada na UPA de Sobradinho com diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Ele também tinha histórico de tabagismo, alcoolismo e vivia em condições precárias de moradia e higiene.
“A escuta cuidadosa revelou muito mais que sintomas clínicos. Ele carregava uma história de solidão e falta de direitos. Precisávamos vê-lo como cidadão, não só como paciente”, conta a assistente social da UPA, Carolina Silva.
Comovida com sua situação, a equipe acionou a rede de proteção social do DF. Com a ajuda da Central Judicial da Pessoa Idosa e da Secretaria de Desenvolvimento Social, o nome de Geraldo entrou na lista de espera para uma vaga em uma instituição de longa permanência para idosos (ILPI).
Mesmo após receber alta, o acompanhamento continuou. Pouco tempo depois, ele voltou à unidade em estado ainda mais vulnerável. “Foi um sinal claro de que não podíamos esperar. Era necessário garantir um acolhimento definitivo”, lembra Carolina.
Em fevereiro de 2025, Geraldo foi transferido para o HSol, onde continuou recebendo cuidados. A equipe de serviço social do hospital deu continuidade ao acompanhamento, em parceria com a Central de Vagas.
“Quando chegou até nós, ele já tinha um acompanhamento estruturado. Nosso papel foi também acolher sua história e garantir segurança emocional, além do cuidado técnico”, afirma a assistente social do HSol, Natalia Barreto.
Após meses de espera, Geraldo foi acolhido na Casa do Ceará de Brasília, onde reencontrou o que mais sentia falta: segurança, convivência e carinho.
Nascido no Rio de Janeiro, Geraldo Amador contou com o apoio das equipes da UPA de Sobradinho e do HSol para ser acolhido numa instituição de longa permanência para idosos no DF.
A assistente social Carolina Silva, com quem criou um vínculo desde os primeiros atendimentos, já o visitou. Durante o reencontro, lembraram os momentos difíceis das idas e vindas dele à UPA de Sobradinho. “Ele chegava fragilizado, sozinho, sem medicação, sem higiene e sem nenhuma rede de apoio. Agora, está bem cuidado, com aparência mais saudável e acolhido num ambiente seguro”.
Com os olhos marejados, Geraldo disse que estava ansioso pelo reencontro. “Ela dizia que viria, e de fato veio. Eu ficava esperando. Ela cuidou de mim desde o início. Fiquei muito feliz com a visita”, relata.
Sorridente, confidenciou: “Estou me adaptando. Ainda não fiz amigos, sou mais reservado, mas o que eu realmente queria era arrumar uma namorada aqui”.
Atuação integrada
Para o diretor de Atenção Integral à Saúde Especializada do IgesDF, Rodolfo Lira, a história de Geraldo mostra o poder transformador do trabalho em rede. “Este caso demonstra como a integração entre saúde e assistência social pode realmente mudar vidas. É o serviço público cumprindo sua missão com humanidade e dedicação”, destaca.
Para Carolina Silva, cada profissional teve um papel fundamental. “Sou grata às colegas assistentes sociais Mireile Cruz e Neide Ribeiro, que me acompanharam em todas as etapas. O que nos motiva é garantir cuidado, respeito e proteção a cada pessoa”.
Hoje, mesmo sem os filhos por perto, Geraldo não está mais sozinho. “Graças ao cuidado atento e ao compromisso das equipes do SUS (Sistema Único de Saúde), ele recuperou dignidade e esperança”, conclui o diretor Rodolfo Lira.