O novo presidente do Chile, eleito neste domingo (14/12), é José Antonio Kast. Conhecido como o “Bolsonaro chileno” por seu posicionamento ultraconservador, ele tem vínculos com o período da ditadura de Augusto Pinochet (1973–1990). Kast é considerado o político mais à direita a alcançar o poder no país desde o fim do regime militar.
José Kast venceu o segundo turno contra a candidata de esquerda, Jeannette Jara. Com quase 100% da apuração das urnas, Kast obteve 58,18% dos votos, enquanto Jara teve 41,82%.
Essa eleição, marcada por intensa polarização desde o fim da ditadura de Pinochet, confirmou a liderança de Kast nas pesquisas e sinaliza uma mudança de rumo político para a direita no Chile.
Ele assumirá a presidência em março de 2026, sucedendo o atual presidente de esquerda, Gabriel Boric.
José Kast é advogado e católico, de descendência alemã, filho de um ex-soldado do exército nazista de Adolf Hitler. Ele já concorreu à presidência em duas ocasiões anteriores, e em 2021 foi derrotado no segundo turno por Boric.
Conexão com a ditadura
A ligação de Kast com o regime militar é antiga. Com 59 anos, ele reconheceu ter participado, na juventude, da campanha a favor da permanência de Augusto Pinochet no poder durante o plebiscito de 1988.
Esse tema voltou à tona após Kast defender, no debate final contra Jeannette Jara, a redução das penas para condenados por crimes do período militar, especialmente para policiais idosos ou em estado terminal.
O governo alerta que essa proposta pode levar à libertação de indivíduos responsáveis por graves violações dos direitos humanos, ignorando as mais de 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos, desse período.
José Kast afirmou que parte dos condenados “está corretamente presa”, mas manifestou disposição para reavaliar casos específicos, como os de militares jovens à época dos crimes.
Em resposta a Jeannette Jara, acusou-a de falta de humanidade, enquanto ela deixou claro que não concederia indultos caso fosse eleita.
Propostas e agenda política
A agenda de Kast também retoma medidas associadas ao regime militar, como:
- fortalecer a presença militar em áreas consideradas críticas;
- edificar barreiras físicas, como muros e valas, nas fronteiras;
- criar uma unidade especial para localizar e expulsar imigrantes que estejam em situação irregular.
