O comboio humanitário russo que pretende ajudar as vítimas dos combates no leste da Ucrânia seguia nesta quarta-feira (13) a viagem no sul da Rússia, apesar das advertências de Kiev e das potências ocidentais.
“O comboio segue seu caminho”, afirmou uma porta-voz do ministério russo das Situações de Emergência.
A coluna de mais de três quilômetros inclui 280 caminhões, segundo o ministério. A diplomacia russa anunciou 262 veículos na terça-feira.
O comboio pretende percorrer quase 500 km nesta quarta-feira e chegar à noite ao posto de fronteira de Chebekino-Pletnevka, entre a região de Belgorod (sul da de Rússia) e de Kharkov (nordeste da Ucrânia, sob controle das forças governamentais).
“O caminho é longo, é um pouco duro, mas como não ajudar nossos irmãos eslavos?”, afirmou o motorista de um dos caminhões ao canal estatal Rossia.
A imprensa russa manifesta entusiasmo com a missão do comboio, que partiu na terça-feira da base militar de Alabino, ao sudoeste de Moscou, com mais 1.800 toneladas de alimentos, medicamentos e geradores.
“Três quilômetros de ajuda”, afirma o jornal oficial Rossiskaia Gazeta, enquanto o popular Tvoi Den elogia o “Caminho da vida”.
O ministério russo das Relações Exteriores anunciou na terça-feira que o país enviava a ajuda de acordo com os termos desejados pela Ucrânia, aceitando o itinerário proposto por Kiev e a inspeção da carga.
Governo ucraniano
A Ucrânia, que acusa a Rússia de armar os separatistas – o que Moscou nega -, alertou que não permitirá a entrada em seu território de “nenhum comboio humanitário” de Vladimir Putin destinado às regiões do leste do país devastadas pelo conflito, afirmou o ministro do Interior, Arsen Avakov.
“Nenhum ‘comboio humanitário’ de Putin passará pela região de Kharkov”, destacou o ministro ucraniano, a respeito da área do nordeste do país controlada por Kiev.
“O cinismo dos russos não tem limites. Primeiro nos entregam tanques, (lança-foguetes múltiplos) Grad, terroristas e bandidos que matam ucranianos e depois nos enviam água e sal”, disse o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.
Tanto Kiev como o Ocidente suspeitam que o comboio poderia ser uma versão moderna do cavalo de Troia: uma ajuda humanitária que esconderia uma operação de desestabilização ou reforços para os separatistas pró-Rússia.
A modalidade exata da ajuda russa é objeto de negociações há dois dias.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou na terça-feira que recebeu na terça-feira a aprovação de Kiev.
Mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Kiev declarou à AFP que prosseguiam as conversas.
“Ainda devem ser decididos muitos aspectos entre os governos e o CICV”, declarou o porta-voz Andre Loersch.
“O CICV precisa de mais detalhes sobre a composição do comboio”, completou Loersch
Fonte: Terra