Seja qual for o vencedor das eleições presidenciais neste ano, um desafio já desponta no horizonte brasileiro: o recuo da demanda e do preço das commodities, que respondem por uma fatia considerável da economia brasileira.
Incertezas
“Há a questão do conflito na Ucrânia, que impacta violentamente no preço dos energéticos, sobretudo os derivados do petróleo. Mas a retração e a paralisia, hoje, da economia chinesa com a política de Covid Zero vai ter um impacto na demanda mundial. Qualquer recessão ou queda na economia chinesa tem um impacto enorme no mundo inteiro”, aponta.
“Nesse aspecto, é importante saber do recuo porque esse ciclo pode se desfazer e pode fazer com que a gente tenha redução de receita e, naturalmente, uma certa redução do crescimento econômico, a partir do momento em que essa queda de preços possa desestimular a produção”, indica.
Afinal, como o Brasil pode se preparar hoje?
“Nós também já temos um impacto inflacionário muito grande, em parte ligado aos fatores externos e em parte a fatores ligados à nossa própria economia, principalmente o nosso desequilíbrio fiscal. Então, no curto prazo, é muito difícil reverter essa situação. Nós podemos aumentar a oferta de algumas commodities, o que impactaria negativamente no preço internacional, mas não são as que estão mais pressionadas hoje”, diz a professora da UERJ.
“Ele é benéfico à medida que gera aumento da utilização da capacidade instalada, então a gente consegue fazer com que a economia cresça, a produção cresça”, relata.
Quais reformas são necessárias?
“O Brasil não fez grandes investimentos e está muito atrasado na questão tecnológica e muito defasado em relação ao resto do mundo. Além do mais, não está integrado nas cadeias produtivas mundiais. Hoje estão faltando chips, semicondutores. O Brasil não tem nenhuma vantagem comparativa aí e levaria tempo para entrar nessa área”, aponta Maria Beatriz Albuquerque David.
“Mas para isso é preciso ter uma atração de investimentos estrangeiros e uma decisão do governo de investir, porque a capacidade hoje é baixíssima pelo desequilíbrio fiscal e pelo comprometimento do orçamento — especialmente ao tentar manter uma base política azeitada”, critica.