A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que combate o grupo Estado Islâmico (EI) bombardeou nesta quinta-feira (26) posições dos jihadistas no noroeste da Síria, onde pelo menos 220 cristãos assírios foram sequestrados nos últimos três dias.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSH) disse que a ofensiva aérea visou combatentes do Estado Islâmico próximos da cidade de Tel Tamr, onde os radicais capturaram dez vilarejos assírios.
Mais cedo nesta quinta, o OSDH divulgou que os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI)sequestraram 220 cristãos assírios nos últimos três dias na Síria. Os sequestros teriam ocorrido em 11 localidades da província de Hassake, nordeste da Síria, perto da fronteira com Iraque e Turquia.
“Há negociações com o auxílio de mediadores de tribos árabes e de uma figura da comunidade assíria para obter a libertação dos reféns”, destacou a ONG.
O EI controla 10 vilarejos cristãos da região de Tall Tamer, de onde os moradores fogem de maneira desesperada. A ponte de Tall Tamer é importante para chegar à fronteira iraquiana a partir da província de Aleppo, destacou Osama Edward.
Quase 30 mil assírios, uma das comunidades convertidas ao cristianismo mais antigas, viviam na Síria, a maioria na região de Hasake, antes do início do conflito sírio em março de 2011.
“O Estado Islâmico perde terreno e sequestrou os reféns para utilizá-los como escudos humanos”, afirmou Osama Edward, diretor da rede assíria de direitos humanos, com sede na Suécia.
Ele acredita que o EI tentará trocar os reféns por prisioneiros jihadistas sob poder dos curdos.
O EI busca uma vingança da ofensiva curda na região de Hasake, apoiada pelos bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, destacou a ONG.
Fuga
O ataque dos jihadistas do EI fez com que mais de mil famílias assírias, totalizando 5 mil pessoas, fugissem de suas casas para buscar refúgio nas cidades de Hasake e Qamichli, duas cidades do noroeste controladas pelas forças curdas e governamentais, segundo um líder assírio.
“Umas 200 famílias se refugiaram em Qamishli e serão alojadas em residências da cidade”, declarou por telefone à AFP Jean Tolo, líder da organização assíria de ajuda e desenvolvimento nesta cidade.
“Estão desesperados, na miséria total, porque deixaram tudo para trás”, afirmou.
Danny Jano, de 35 anos, relatou à AFP por telefone que precisou fugir de pijama com sua esposa e filhas quando soube que os jihadistas estavam cercando a sua aldeia.
Campanha de apoio ao califado
O grupo sunita extremista, que sofreu várias derrotas nas últimas semanas no Iraque, iniciou uma “campanha internacional” de apoio ao “califado islâmico” proclamado em junho de 2014 por seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, nos territórios que controla na Síria e no Iraque.
Em uma mensagem para divulgar a “campanha”, o Estado Islâmico citou os “lobos solitários” e fez uma ameaça particular contra os franceses.
“Pagarão por terem insultado o profeta Maomé”, afirmou a mensagem, seis semanas depois dos atentados de Paris contra a revista satírica Charlie Hebdo.
O avanço do EI ofuscou o confronto entre as forças do governo de Bashar al-Assad, condenado por vários países ocidentais, e a rebelião, em uma guerra que vai entrar no quinto ano em março.
Neste contexto, o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, planeja viajar na sexta-feira para Damasco, onde discutirá sua proposta de congelar os combates entre rebeldes e as forças do regime durante seis semanas na cidade de Aleppo, segundo a imprensa síria.
Fonte: G1