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sábado, 21/06/2025




Cidade do RS enfrenta enchente mais grave que em 2024: sentimento de impotência

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Ansiedade, agonia e um sentimento de impotência. É assim que Gisele Sampaio, 39 anos, descreve a vivência de passar, em pouco mais de um ano, por duas das maiores catástrofes naturais da história de Jaguari (RS), cidade onde nasceu e reside. A cidade enfrenta sua enchente mais severa em quatro décadas e está declarada em estado de calamidade.

Morando no bairro Sagrado Coração de Jesus, um dos mais atingidos, Gisele narra que apesar da situação já crítica no alagamento de maio de 2024, os estragos atuais são maiores. “Um ano se passou e ainda não recuperamos todos os móveis de casa. Em junho, vivemos outra tragédia, saindo de casa com poucas roupas, mochila e nossos animais de estimação, deixando tudo para trás”, conta ela.

Situação das enchentes

Entre os dias 17 e 18 de junho, Porto Alegre registrou 106,5 mm de chuva, quase alcançando a média histórica mensal de 115 mm. Ao todo, 51 municípios já registraram ocorrências como quedas de árvores, falta de água e energia, e danos a infraestruturas.

A Defesa Civil informou que mais de 2.300 pessoas estão fora de suas casas, sendo cerca de mil abrigadas em locais públicos. Jaguari é uma das cidades mais afetadas, com cerca de 1.200 desalojados.

Com 10% da população impactada, o município contabiliza mais de mil pessoas atingidas. Os estragos são evidentes: 45 pontes e pontilhões danificados, 70 bueiros comprometidos, 20 pontos de estradas bloqueados e cerca de 30 casas inundadas, algumas com 90% da estrutura submersa.

Gisele lamenta: “Quando o Rio Jaguari sobe, tudo acontece rápido. Perdemos tudo que conquistamos com esforço: móveis, histórias de vida. Em segundos, a água leva tudo. É muito triste.”

Situação crítica

Na manhã do dia 19 de junho, o nível do Rio Jaguari chegou a 11 metros, um metro e meio acima da cota de inundação. Apesar da queda do nível das águas, o alerta permanece.

Mais de 150 famílias estão em abrigos municipais, e três comunidades seguem isoladas, com acesso somente por barcos usados por voluntários e equipes da prefeitura para a entrega de suprimentos essenciais.

Em casos mais críticos, como em 17 de junho, helicópteros foram utilizados para resgatar moradores. A prefeitura segue mobilizada para atender a população, com o chefe de gabinete Renato Bolzan afirmando que os danos desta enchente superam os da anterior.

Cidades vizinhas também afetadas

Jaguari enfrenta uma situação grave, mas não está sozinho. Sete cidades da Região Central do Rio Grande do Sul declararam estado de emergência ou calamidade pública.

A maior delas, Santa Maria, registrou 182 ocorrências, principalmente residências inundadas, com mais de 120 imóveis danificados e 160 pessoas fora de casa. Vários pontos da cidade permanecem com bloqueios totais ou parciais, enquanto estradas rurais continuam interditadas.

O prefeito Igor Tambara (MDB-RS) anunciou um Plano de Reconstrução que será apresentado em breve, focando na restauração de estradas, pontes, moradias e apoio direto às famílias afetadas.

Outros municípios como Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Nova Palma, São João do Polêsine, São Pedro do Sul e Mata também estão enfrentando dificuldades semelhantes, com bloqueios de estradas, comunidades isoladas e danos estruturais. A Defesa Civil mantém equipes para monitoramento e suporte às populações.

Esforços de ajuda

Frente a essa calamidade, a Defesa Civil intensificou a distribuição de ajuda humanitária, enviando mais de 1,6 mil itens que incluem colchões, cobertores, lonas, kits de higiene, roupas e telhas desde o início da semana.

O Centro Logístico da Defesa Civil, em Porto Alegre, despacha diariamente caminhões carregados com doações para as cidades afetadas, incluindo Jaguari, Canoas, Mata, Santana do Livramento, Manoel Viana e Lajeado.

A prefeitura também está promovendo campanhas locais para arrecadar mantimentos e produtos de limpeza para auxiliar os moradores nesse momento difícil.




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