Farmacêutica que desenvolveu a vacina CoronaVac, contra a covid-19, divulgou nota depois da revelação de que, em 11 de março, o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, negociou com uma empresa a compra do imunizante
O laboratório chinês Sinovac, que desenvolveu a vacina CoronaVac contra a Covid-19, divulgou, na noite deste domingo (18/7), uma nota de esclarecimento afirmando que o Instituto Butantan é o seu único parceiro no Brasil.
Na última sexta-feira (16/7), o jornal Folha de S.Paulo publicou vídeo de uma reunião realizada em 11 de março entre o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e representantes da empresa World Brands, que tentavam vender ao Brasil 30 milhões de doses da CoronaVac por quase o triplo do preço contratado pelo governo com o Butantan.
“Esclarecemos que a vacina CoronaVac é desenvolvida, fabricada e distribuída pela Sinovac Life Sciences. No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode adquirir a CoronaVac. Temos trabalhado muito com o Instituto Butantan para fornecer vacinas a preços acessíveis para o povo brasileiro”, diz trecho do comunicado do laboratório chinês.
A nota diz também que qualquer informação divulgada por outra companhia sem autorização da Sinovac “não tem valor legal”. Ainda segundo o documento, é falsa a informação de que a World Brands, sediada em Santa Catarina, possa comprar o imunizante da companhia chinesa.
A negociação entre o ex-ministro Pazuello e a World Brands ocorreu mesmo depois de o governo fechar contrato com o Butantan, no começo deste ano, para a compra de 100 milhões de doses da CoronaVac, por US$ 10 a dose.
Antes mesmo da revelação da reunião de Pazuello com a empresa, a CPI da Covid havia aprovado convocação do general da ativa do Exército para prestar um novo depoimento à comissão. Para os senadores, o vídeo do encontro mostra que o ex-ministro mentiu à CPI na primeira vez em que foi inquirido, em 19 de maio, quando disse que não negociava vacinas com empresas.
A CPI está debruçada na apuração sobre o acesso rápido de empresas e organizações desconhecidas à cúpula do Ministério da Saúde para oferecer vacinas, enquanto negociações da pasta com farmacêuticas reconhecidas, como a Pfizer, se arrastaram por vários meses.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou que o novo depoimento de Pazuello deve ser marcado para o fim de agosto ou início de setembro. O parlamentar, inclusive, acusou Pazuello de dado falso testemunho.
Na última sexta-feira, a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto divulgou nota em nome do ex-ministro. O comunicado afirma que Pazuello “em momento algum negociou aquisição de vacinas com empresários”.