ANDRÉ BORGES
FOLHAPRESS
A China, que é o maior mercado para o frango brasileiro, decidiu enviar um questionário técnico ao governo do Brasil para avaliar quando poderá retomar as importações das aves brasileiras. Essa medida está ligada à confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial localizada no Rio Grande do Sul.
O governo brasileiro declarou-se livre da gripe aviária em 20 de junho, informação oficializada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em 26 de junho. No entanto, cada país importador tem autonomia para decidir a liberação das importações com base em seus protocolos sanitários e acordos bilaterais.
O Brasil considera a China um parceiro estratégico devido ao fato de o país asiático representar 10% das exportações brasileiras de proteína de frango.
Após a OMSA reconhecer a regularização sanitária do Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Itamaraty acionaram as autoridades chinesas solicitando a suspensão das restrições comerciais impostas. Contudo, a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) informou que só analisará a suspensão do embargo após o recebimento de respostas a um questionário técnico detalhado sobre os controles sanitários do Brasil.
Esta exigência não estava prevista originalmente e, normalmente, tais questionários são enviados três meses após o último registro do vírus, prazo considerado necessário pela China para garantir o controle da doença. No entanto, dada a relação de confiança entre os dois países, o questionário poderá ser enviado antes, possivelmente ainda esta semana.
Uma situação similar ocorreu em 2024, quando a China suspendeu temporariamente as importações de frango brasileiro devido à Doença de Newcastle, inicialmente em todo o país e depois restrito às regiões afetadas do Rio Grande do Sul. Após negociações, o embargo foi atualizado para atingir apenas os lotes da região afetada, mantendo as exportações das demais áreas do Brasil.
O foco de gripe aviária detectado em 15 de maio de 2025 apareceu em uma granja de matrizes em Montenegro, RS. A análise identificou o vírus H5N1, geneticamente próximo ao observado na Argentina alguns meses antes.
As autoridades brasileiras adotaram medidas rigorosas, incluindo abate sanitário, desinfecção, restrição da circulação de aves e produtos, além de vigilância em um raio de 10 km. O período de vazio sanitário iniciou em 21 de maio, e após 28 dias sem novos casos, o Brasil apresentou autodeclaração à OMSA.
Essas ações refletem na queda da exportação de frango in natura, que diminuiu cerca de 25% em volume nas duas primeiras semanas de junho, comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
No total, foram registrados oito casos de gripe aviária no país, incluindo aves comerciais, aves de subsistência e aves silvestres, cativas ou de vida livre.
Além da granja em Montenegro, outras ocorrências foram confirmadas, como a morte de 160 aves aquáticas em um zoológico de Sapucaia do Sul (RS) e infecções em aves no zoológico de Brasília, que permanece fechado para monitoramento.