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quinta-feira, 19/06/2025




Chefe da AIEA afirma não haver evidências de armas nucleares do Irã

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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, declarou que os inspetores sob sua coordenação não encontraram evidências que comprovem um esforço coordenado do Irã para construir uma arma atômica. A AIEA é o órgão responsável por fiscalizar o programa nuclear iraniano.

“Informamos que não temos, alinhando com algumas das fontes mencionadas, qualquer prova de um esforço sistemático [do Irã] para avançar em direção a uma arma nuclear”, afirmou o diretor-geral em entrevista à TV CNN na terça-feira (17).

Grossi foi questionado pela chefe do noticiário internacional da emissora, Christiane Amanpour, sobre quanto tempo o Irã levaria para fabricar uma bomba atômica — se seria questão de dias ou semanas, conforme declara Israel, ou de anos, como sugerem alguns analistas. Ele respondeu: “Certamente não para amanhã. Talvez não seja questão de anos. Eu levaria isso mais a sério. Porém, não acredito que seja questão de anos, ainda que isso seja especulação”.

O diretor da AIEA acrescentou que não é possível afirmar se há atividades nucleares secretas. “Se houver alguma operação clandestina ou oculta, fora do alcance dos nossos inspetores, não poderíamos saber”, completou.

Rafael Grossi teve suas declarações criticadas pelo Irã, que o acusa de distorcer as resoluções aprovadas pela agência. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaiel Baqaei, a AIEA foi utilizada por Israel e Estados Unidos para justificar agressões contra Teerã.

“Você ocultou a verdade em seu relatório tendencioso, que foi usado para criar uma resolução com alegações infundadas de ‘não conformidade’. Essa resolução serviu de pretexto para que um regime genocida e belicista iniciasse uma guerra de agressão contra o Irã e lançasse um ataque ilegal contra nossas instalações nucleares pacíficas”, afirmou Baqaei nas redes sociais.

O representante iraniano ainda disse que o trabalho de Grossi prejudicou o prestígio da AIEA e dos países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). “Você sabe quantos iranianos inocentes foram mortos ou mutilados em consequência dessa guerra criminosa?”, questionou.

Relatórios da AIEA

Os documentos da agência vinculada à ONU indicam preocupação com o enriquecimento de urânio pelo Irã acima do limite de 60%. Para a fabricação de armas nucleares, o nível de enriquecimento deve atingir 90%.

“Embora o enriquecimento fiscalizado não seja proibido por si só, o fato de o Irã ser o único Estado sem armas nucleares no mundo produzindo e acumulando urânio enriquecido a 60% é motivo sério de preocupação”, afirmou o relatório da AIEA, divulgado em 31 de maio de 2025.

O Irã nega o desenvolvimento de armas nucleares, afirmando que seu programa é pacífico. No momento do ataque israelense, o país participava de sua sexta rodada de negociações com os EUA em Omã, tratando do programa nuclear.

EUA

Em março, a Diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard, declarou ao Senado dos EUA que o Irã não buscava fabricar armas atômicas. Essa posição foi contestada pelo então presidente Donald Trump.

Trump afirmou que “não se importa” com o que Tulsi Gabbard disse ao Senado e reiterou a posição do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Acredito que eles estavam muito próximos de obter uma [bomba atômica]”, disse o ex-presidente.

O Departamento de Estado dos EUA declarou nesta semana que “o Irã não pode possuir armas nucleares”. O secretário do departamento, Marco Rúbio, afirmou em maio que o país poderia desenvolver armamentos nucleares rapidamente.

“Alcançar 60% de enriquecimento representa cerca de 90% do caminho. Essencialmente, o Irã está no limiar de uma arma nuclear e, se quiser, pode construí-la muito rapidamente”, declarou Rúbio à Fox News.

Enquanto os EUA e outras potências ocidentais apoiam o ataque israelense ao Irã, alegando que Teerã estaria buscando armas nucleares, Israel é o único país no Oriente Médio que não assinou o TNP e, embora não confirme oficialmente, não nega possuir armamento nuclear.

Existe um programa secreto israelense que pode contar com cerca de 90 ogivas nucleares armazenadas.




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