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sexta-feira, 27/06/2025




Casa de Chá completa um ano como marco de cultura, memória e sabores do Cerrado

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Em Brasília

Por Daniel Xavier
daniel.xavier@grupojbr.com

Na última quinta-feira (26), o céu de Brasília ficou ainda mais impregnado de história com a comemoração do primeiro aniversário da reabertura da emblemática Casa de Chá, localizada na Praça dos Três Poderes. Este lugar, integrante do conjunto arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer, já recebeu mais de 150 mil visitantes e é reconhecido como um ponto de encontro que conecta o passado e o presente da capital federal.

Para celebrar o marco, foi organizada uma programação especial em colaboração com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Distrito Federal (Senac-DF), a Secretaria de Turismo e o Arquivo Público do Distrito Federal. Um destaque da programação foi a estreia nacional do documentário exclusivo “Brasília 65 anos – Do Sonho ao Concreto: Heróis Anônimos”, narrado pelo ator Jackson Antunes. O documentário apresenta imagens raras da construção de Brasília entre 1957 e 1959, período que precedeu a inauguração da cidade. As cenas foram recuperadas de películas guardadas no Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) e digitalizadas com o suporte da Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (Abrasci).

“Hoje é um dia marcante. A história se encontra com ela mesma”, declarou o superintendente do Arquivo Público do DF, Adalberto Scigliano. “Brasília celebra 65 anos, o Arquivo completa 40, e comemoramos o primeiro ano da reabertura da Casa de Chá. Esse momento ficará na memória de todos.” Ele ressaltou que a descoberta das origens do edifício foi um processo histórico por si só: “A Casa de Chá foi originalmente chamada de Restaurante da Praça dos Três Poderes. Com essa informação, conseguimos encontrar plantas, documentos e fotografias que agora integram a exposição.” A mostra inaugurada ficará aberta até 10 de julho no local e depois será levada para outras cidades que também participam da história da capital: Taguatinga, Gama e Planaltina.

Memória em movimento

Hélio de Alencar Júnior. Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

O documentário exibido no evento é resultado da colaboração entre historiadores, arquivistas e profissionais da área audiovisual. Hélio de Alencar Júnior, arquivista do Arquivo Público, esteve diretamente envolvido na curadoria e na seleção das imagens: “Estas películas nunca haviam sido mostradas ao público antes. Foram digitalizadas em São Paulo sob a direção do cineasta Whalter Neto. Para mim, como alguém que nasceu e cresceu em Brasília, é emocionante acompanhar o surgimento de cada monumento em meio à terra vermelha. É o nosso passado e patrimônio sendo preservados com dedicação.”

Segundo ele, o trabalho exigiu o esforço detalhado de diversas equipes. “Historiadores identificaram os momentos mais importantes, enquanto os arquivistas se dedicaram à conservação e localização dos registros. É emocionante ver o Palácio do Planalto surgir cena a cena”, contou.

Gastronomia, formação e patrimônio

Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Além de ser um edifício histórico, a Casa de Chá tornou-se também um centro educacional. O Senac-DF administra o restaurante-escola que atualmente funciona no local, proporcionando capacitação em gastronomia e atendimento ao público com preços acessíveis. “Este foi um presente que o Senac ofereceu à cidade”, declarou o diretor regional da instituição, Vitor Corrêa. “Agora, no aniversário da reabertura, trouxemos mais dois presentes: o documentário e a exposição. A Casa está aberta de quarta a domingo, das 10h30 às 19h30. É uma experiência completa — cultural, afetiva e culinária.”

A emoção de reviver a cidade

Rodrigo Marques. Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Dentre os visitantes que participaram da celebração, havia um sentimento de orgulho e conexão. Rodrigo Marques, 53 anos, servidor público federal e natural de Brasília, ressaltou que a festa é uma chance de reconectar-se com as raízes da cidade. “Ver imagens da construção da capital me traz muita alegria. Brasília é um símbolo da interiorização e industrialização do país. É tocante acompanhar o passado e perceber como esta cidade se tornou uma referência mundial em urbanismo”, comentou.

A programação cultural da Casa de Chá continuará até o início de julho, com entrada franca ao público. O local, restaurado em 2023, mantém o projeto original concebido por Niemeyer e se estabelece como um dos principais pontos de convergência entre arquitetura, história e vida cotidiana da capital federal.




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