Caminhoneiros de todo o Brasil estão organizando uma paralisação nacional que deve começar nesta quinta-feira, 4 de dezembro. A mobilização visa reivindicar melhores condições de trabalho, regulamentações mais justas e melhorias estruturais para o setor de transporte rodoviário de cargas. Apesar de forte movimentação nas redes sociais, o movimento enfrenta divisões internas entre associações e cooperativas, o que gera dúvidas sobre o nível de adesão.
O deputado federal Zé Trovão (PL-SC), conhecido como porta-voz da categoria, não apoia a greve. Líderes consultados afirmam que o movimento não tem caráter político, embora tenha recebido apoio de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e busca pressionar o governo federal para garantir direitos da categoria.
Daniel Souza, caminhoneiro e influenciador que ajudou a articular a greve de 2018, destaca a realidade difícil enfrentada pelos trabalhadores, com baixos salários e condições inseguras nas estradas. Outro líder da paralisação de 2018, conhecido como Junior, do Sindicam de Ourinhos, também apoia a mobilização.
Principais reivindicações
- Estabilidade para caminhoneiros autônomos;
- Revisão do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário;
- Aposentadoria especial após 25 anos de trabalho comprovado;
- Manutenção do piso mínimo do frete;
- Suspensão das dívidas dos autônomos por 12 meses;
- Anistia administrativa e para envolvidos em manifestações recentes;
- Isenção de pesagem entre eixos;
- Criação de escolas técnicas e uma Justiça do Transporte;
- Isenção de IPI para renovação da frota;
- Suspensão da Lei do Descanso;
- Destinação de 30% das cargas estatais aos autônomos;
- Subsídio no óleo diesel.
A paralisação ganhou respaldo jurídico com a iniciativa do desembargador aposentado Sebastião Coelho e do representante da União Brasileira dos Caminhoneiros, Chicão Caminhoneiro, que planejam oficializar o ato para garantir sua legalidade.
Opiniões divergentes na categoria
Nem todos os caminhoneiros apoiam a greve. O presidente da Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas, Janderson Maçaneiro (Patrola), acredita em uma mobilização significativa, enquanto o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens afirma apoiar a decisão da base, destacando que a greve é decidida pelos próprios caminhoneiros.
Na Baixada Santista, caminhoneiros autônomos e cooperativas rejeitaram o movimento, afirmando que não houve diálogo nem votação para a paralisação. A Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos, uma das maiores do país, declarou que não há orientação para parar. Outras entidades regionais também não aderiram à paralisação.
Expectativa de baixo impacto
Francisco Burgardt, organizador do ato pelo Sindicam de Ourinhos, afirma que a paralisação será gradual, começando em cerca de 40 pontos pelo país. Apesar do engajamento nas redes sociais, especialistas acreditam que a falta de consenso deve limitar a adesão ao movimento.
Zé Trovão rejeita a greve, afirmando que ela não resolve os problemas estruturais enfrentados pela categoria. Ele declarou em vídeo que, embora outros façam a paralisação, ele não apoiar. A população teme um novo colapso logístico, mas até o momento, não há sinais de um impacto semelhante à greve de 2018, quando uma paralisação de 10 dias causou desabastecimento generalizado, encerrada após acordo com o governo de Michel Temer.

