LUCAS MARCHESINI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A Polícia Federal está investigando operações do BRB (Banco Regional de Brasília) relacionadas ao Banco Master, o que levou o banco do Distrito Federal a reconsiderar seus planos de expansão pelo país.
O presidente do BRB, Nelson de Souza, informou aos funcionários que está analisando se continuará ou não com o crescimento do banco. A nova equipe está avaliando os impactos causados pela compra de créditos e papéis do Banco Master, que apresentam indícios de fraudes.
Em 2019, no início do governo de Ibaneis Rocha (MDB), o BRB possuía agências em seis estados além do Distrito Federal: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Em junho de 2025, o banco expandiu sua presença para 19 estados.
No entanto, este ano o BRB fechou mais de 20 agências na Bahia, abertas entre 2021 e 2023, e anunciou a venda do mobiliário dessas unidades.
O banco afirmou estar focado em consolidar e fortalecer seus negócios, ressaltando que não há planos para vender ativos fora do Distrito Federal.
A expansão nacional do BRB é uma das principais marcas da gestão de Ibaneis Rocha, destacada pelo patrocínio ao Flamengo, time preferido do governador, iniciado em 2020.
Com um contrato anual de R$ 32 milhões, a marca do banco passou a aparecer na camisa de um dos times mais populares do país, atraindo 3,7 milhões de novos clientes.
Os investimentos em patrocínios subiram de R$ 7,2 milhões em 2019 para R$ 107,5 milhões no ano passado. Para 2025, o orçamento previsto é de R$ 125,8 milhões, dos quais R$ 82,3 milhões já foram gastos até setembro.
A atual administração do BRB iniciou uma auditoria interna para revisar todos os patrocínios, sem esclarecer os motivos da investigação. O banco garantiu que todos os contratos vigentes permanecem ativos.
Fontes próximas à investigação afirmam que essa auditoria faz parte de uma apuração maior após o surgimento do caso Master.
Além da presença nacional, o BRB buscou crescer em outros estados por meio de licitações, assumindo a gestão de depósitos judiciais em Alagoas, Bahia e Paraíba, e desde junho de 2025 administra a folha de pagamento do governo do Tocantins.
Até março de 2025, a carteira de depósitos judiciais gerida pelo BRB somava R$ 25 bilhões.
O banco reforça que os contratos continuam sendo cumpridos e que novos negócios serão avaliados com base em critérios técnicos e regulatórios rigorosos.
No primeiro semestre de 2025, o BRB tentou adquirir parte dos ativos do Banco Master, mas a operação está sob investigação e foi barrada pelo Banco Central.
Com a operação Compliance Zero da Polícia Federal, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado e depois exonerado pelo governador Ibaneis Rocha. Nelson de Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, foi nomeado para substituí-lo.

