CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A entrada de Guilherme Boulos como secretário-geral no governo Lula provocou uma competição dentro da esquerda para conquistar seus eleitores. Em 2022, ele foi o candidato mais votado para a Câmara dos Deputados em São Paulo, com mais de um milhão de votos.
Mesmo bem posicionado nas pesquisas para o Senado, Boulos avisou ao seu partido, o PSOL, que não pretende disputar as próximas eleições.
Sem a participação de Boulos, membros do PSOL se preparam para ocupar seu espaço eleitoral, enquanto o PT busca estratégias para recuperar eleitores que migraram para o PSOL, principalmente em áreas periféricas.
Dentro do PSOL, alguns nomes ganham destaque para suceder Boulos, como sua esposa, Natália Szermeta, que deverá usar o sobrenome do marido nas próximas eleições. Ela é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e considerada uma receptora dos votos de Boulos.
A deputada Erika Hilton deve aumentar sua força eleitoral, aproveitando sua visibilidade nas redes sociais, principalmente pela campanha para reduzir a jornada de trabalho. Sâmia Bomfim, embora não seja parte do grupo de Boulos no partido, também é vista como possível destinatária de votos.
O ex-presidente do PSOL, Juliano Medeiros, pode se candidatar com apoio do deputado federal Ivan Valente e atrair parte do eleitorado de Boulos.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, Marina Helou (Rede) e Guilherme Cortez (PSOL) estão entre os possíveis candidatos a deputados federais, assim como Guilherme Simões, secretário nacional de Periferias ligado ao Ministério das Cidades.
Do lado do PT, o foco será conquistar os eleitores de Boulos nas periferias paulistas.
No chamado “voto de opinião”, o deputado federal Rui Falcão (mais votado do PT em 2022), o ex-ministro José Dirceu e o presidente nacional do partido, Edinho Silva, lideram as estratégias para captar votos que foram de Boulos.
Outros nomes lembrados para a disputa são a ex-prefeita Marta Suplicy e o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha.
Além disso, algumas lideranças do PT defendem lançar a vereadora Luna Zaratini para atrair o eleitorado jovem, investindo em sua campanha para a Câmara dos Deputados, semelhante ao que ocorreu com Eduardo Suplicy em 2022.
Enquanto alguns dentro do PT veem potencial para ampliar votos com Luna, outros acham que ela deve focar na cidade, especialmente se desejar concorrer à prefeitura; há dúvidas inclusive do ex-presidente Lula sobre essa estratégia, por receio de prejudicar seu legado municipal.
Outra ideia em discussão é a formação de uma federação esquerda entre PT, PSOL e PSB, para fortalecer o partido em São Paulo, embora petistas aconselhem cautela por enquanto.
A possibilidade de Boulos concorrer à reeleição para a Câmara em 2026 é vista com incerteza por aliados, que lembram sua derrota na disputa pela prefeitura e que outros nomes podem superá-lo no partido. Em 2024, Lula interveio para que o PT apoiasse Boulos.
O Palácio do Planalto confirmou a posse de Boulos como ministro da Secretaria-Geral para esta quarta-feira (29), substituindo Márcio Macêdo. Em entrevista, Boulos afirmou que Lula o encarregou de “ajudar a colocar o governo na rua”.
