“Os dois, nós sabemos, são defensores do Lula, pô. Querem o Lula presidente”, apontou, se referindo aos magistrados Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta quarta-feira (12/1), os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes em relação a decisões relacionadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Quem os dois pensam que são”, comentou, em entrevista à Gazeta Brasil. Barroso é o atual presidente da Corte eleitoral e Moraes assumirá o órgão nas eleições deste ano.
“Quem é que esses dois pensam que são? Quem eles pensam que são? Vão tomar medidas drásticas dessas ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas, liberdade de expressão, porque eles querem assim, porque eles têm um candidato. Os dois, nós sabemos, são defensores do Lula, pô. Querem o Lula presidente”, apontou, citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Questionado sobre um artigo no qual Barroso fala sobre o surgimento de milícias no meio virtual e de “terroristas verbais” que atacam a democracia, o chefe do Executivo rebateu em tom sarcástico que o magistrado ‘entende de terrorismo’ por ter atuado como advogado do italiano Cesare Battisti.
“De terrorismo ele entende. Ele defendeu o terrorista Cesare Battisti. É um direito dele defender terrorista? É um direito. Um advogado tem direito de defender qualquer pessoa, (mesmo) que seja um pedófilo. Eu não defenderia”, continuou.
Bolsonaro também negou ter cometido fake news. “Qual o crime eu cometi, senhor Luís Roberto Barroso? Que crime eu cometi? Quais as fake news que eu pratiquei? Falam que tem um gabinete do ódio. Me apresente uma matéria que seria do gabinete do ódio”, desafiou.
Ele ainda criticou uma declaração de Moraes durante julgamento, em outubro, quando o TSE arquivou ações pedindo a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por propagação de disparo em massa de notícias falsas na corrida eleitoral de 2018. De acordo com o magistrado, a punição contra fake news será a “cadeia”. O presidente afirmou que o ministro agiu “fora das quatro linhas” da Constituição.
“Fui julgado no TSE, a chapa Bolsonaro e Mourão, no final do ano passado, e lá foi a vez do senhor Alexandre de Moraes falar claramente: “Houve, sim, fake news. Houve disparo em massa. Sabemos. No ano que vem, se tiver, vamos cassar o registro e prender o candidato”. Olha, isso é jogar fora das quatro linhas. Só tenho isso a dizer a vocês”.
Pandemia
O presidente voltou a alegar que o governo não pôde trabalhar durante a pandemia porque o Supremo Tribunal Federal (STF) interferiu no poder de decisão de sua gestão em relação à covid-19. “A cada 10 decisões do STF, nove são contrárias”, justificou.
Questionado sobre declaração de Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, que atribuiu ao presidente a ascensão da candidatura de Lula, o chefe do Executivo afirmou ter sido o Supremo o responsável por tirar o petista da prisão.