Representantes do Sindicato dos Bancários de Brasília têm chamado atenção desde 2024 para problemas nas operações do Banco Master e questionam a proposta de aquisição pelo Banco de Brasília (BRB). Essas questões foram discutidas em audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a operação em junho de 2025 focando apenas em aspectos concorrenciais. No entanto, o Banco Central vetou a compra em setembro após identificar altos riscos e irregularidades nos ativos do Master, que não condizem com o perfil do BRB. Essa decisão interrompeu as negociações e precedeu a Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga suspeitas de irregularidades envolvendo o Master e a tentativa de aquisição.
Ivan Amarante, diretor financeiro do sindicato, relatou que a entidade monitora o caso desde que técnicos da Caixa Econômica Federal recusaram uma operação envolvendo o Master. Estudos do Dieese fundamentaram denúncias enviadas ao Ministério Público Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele alertou que há indícios de que o caso se agravou a ponto de exigir uma investigação aprofundada.
Amarante destacou problemas em operações de crédito consignado, crédito cesta e cartões, especialmente na Bahia, onde o Master não teria repassado os valores corretamente. Além disso, criticou a oferta de CDBs com taxas de até 140% do CDI. O sindicato também entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a lei distrital que autorizou a aquisição, alegando que o processo foi inadequado e precipitado.
O representante do Cade, Hugo Vecchiato, ressaltou que a avaliação considerou apenas os efeitos competitivos no mercado, não a saúde financeira do Master. Segundo ele, a participação combinada de BRB e Master ficaria abaixo de 20% do mercado relevante, conforme a Lei 12.529/11, dispensando medidas antitruste específicas.
Um parlamentar afirmou que a comissão tem o dever de esclarecer todo o processo, já que situações como essa acabam impactando diretamente os consumidores brasileiros.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) criticou a ausência de representantes do Banco Master, do BRB, do Banco Central e da CVM na audiência, ressaltando que a presença dessas instituições é essencial para esclarecer todo o processo que resultou nesse grande escândalo. Ela garantiu que continuará solicitando que esses órgãos sejam convocados para prestar esclarecimentos.

