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segunda-feira, 23/06/2025




Autismo: diagnóstico precoce é fundamental, alerta especialista

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Com a maior conscientização sobre os sintomas do autismo e avanços na sua identificação, cada vez mais pessoas estão sendo diagnosticadas com algum grau do transtorno do espectro autista (TEA). Mesmo com essas melhorias, o tempo para o diagnóstico continua sendo um fator crucial para o desenvolvimento da criança. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores são as condições para o desenvolvimento infantil, e essa identificação pode ocorrer já nos primeiros meses de vida.

Catherine Lord, psicóloga clínica e professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, é uma das principais pesquisadoras em autismo no mundo. Durante o congresso Brain 2025, realizado em Fortaleza entre 18 e 21 de junho, ela ressaltou a importância de identificar o autismo rapidamente.

“Detectar o transtorno cedo permite um trabalho mais eficiente na comunicação, principalmente na linguagem do paciente, o que beneficia também as famílias”, explica ela.

A especialista destaca que o autismo é um transtorno que varia muito entre os casos e que não existe um caminho único a ser seguido após o diagnóstico. É necessário avaliar e acompanhar a criança nos primeiros anos para entender suas dificuldades e definir um plano adequado.

O valor do tempo no diagnóstico do autismo

Crianças sem o transtorno, em geral, têm um bom controle da linguagem por volta dos quatro anos, incluindo vocabulário e compreensão semântica, embora ainda em desenvolvimento.

Catherine indica que o ideal é identificar o autismo antes dessa idade para que o cérebro da criança esteja suficientemente maleável para aprender ferramentas de comunicação e linguagem adequadas às suas habilidades. Diagnosticar após esse período é possível, mas mais complexo.

Ela explica que sinais de autismo começam a aparecer entre o primeiro e segundo ano de vida, mesmo que de forma sutil: falta de resposta ao nome, ausência de vocalização, ausência ou uso diferente de palavras comuns. Crianças com autismo tendem a não buscar atenção e a participar de menos brincadeiras variáveis.

Após os dois anos, os sinais tornam-se mais evidentes; algumas mostram grande frustração quando as coisas não ocorrem como esperam, como o exemplo de uma criança que gosta da porta aberta, mas não expressa essa vontade para os outros e fica triste quando a porta é fechada.

Para um diagnóstico preciso, é necessário o trabalho de profissionais especializados, que usam testes e experiência clínica. Muitas vezes, os primeiros a perceberem os sinais são familiares ou professores, e não os próprios pais.

Expectativas e desafios familiares

Embora o diagnóstico de autismo esteja mais frequente hoje, receber essa notícia é sempre um grande desafio para as famílias, pois, dependendo do caso, pode significar um apoio contínuo ao longo da vida.

Catherine ressalta a importância de ajustar as expectativas dos pais à realidade das capacidades da criança.

“O autismo faz parte do seu filho, mas ele tem muitas qualidades. Demora para os pais aceitar que a criança não será necessariamente como imaginavam. É uma jornada difícil, e é fundamental manter esperança, mas também lidar com a realidade”, afirma a professora.

O suporte dos pais é vital para o progresso da criança com autismo, embora nem sempre seja possível dedicar-se exclusivamente a ela. Escolas especializadas, terapeutas ocupacionais, fisioterapia e babás podem ajudar, mas o acesso a esses recursos pode ser limitado para muitas famílias.

A situação é complexa, especialmente quando há outras crianças na família ou condições financeiras que exigem que os pais trabalhem fora. Nesses casos, é importante determinar prioridades claras.

“Sempre existe alguma atividade que o pai gosta de fazer com o filho, e é importante encontrar tempo para isso regularmente. Também é essencial identificar as maiores dificuldades da criança para um suporte personalizado, que é responsabilidade do médico”, destaca Catherine.

Dicas para famílias que receberam o diagnóstico

A especialista americana recomenda que os pais evitem deixar-se levar por informações superficiais nas redes sociais como o TikTok e busquem grupos de apoio de famílias com crianças com TEA.

Ela também sugere o uso de guias que orientam os primeiros 100 dias após o diagnóstico de autismo, além de indicar a busca de pelo menos um profissional de confiança—psicólogo, professor, fonoaudiólogo ou médico—para direcionar a família ao acompanhamento adequado.

“O mais importante é conhecer seu filho e escutá-lo”, conclui Catherine Lord.




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