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quinta-feira, 26/06/2025




Aumento de emergências médicas em centros de detenção para migrantes nos EUA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma investigação da revista americana Wired revelou um crescimento significativo nas ocorrências de emergências médicas dentro de centros de detenção para migrantes nos Estados Unidos, atribuída à superlotação e às condições inadequadas dessas instalações.

Em um episódio específico, uma enfermeira do centro Aurora ICE, próximo à cidade de Denver, no Colorado, acionou o serviço de emergência em 28 de abril, relatando que uma mulher grávida de quatro meses sob custódia apresentava sangramento e dores intensas. Ao ser questionada sobre sinais vitais do feto, a enfermeira declarou não dispor dos equipamentos necessários para essa avaliação.

Este é apenas um de diversos casos graves documentados. A Wired coletou gravações e informações via pedidos de registros públicos das chamadas ao número 911 feitas em dez dos maiores centros de detenção imigratória do país. Desde janeiro, quase 400 chamadas foram registradas, destacando pelo menos 50 casos suspeitos de problemas cardíacos, 26 convulsões, 17 ferimentos na cabeça, 7 tentativas de suicídio e 6 denúncias de abuso sexual.

Mais de 60% destes centros relataram complicações sérias ligadas a gravidez, tentativas de suicídio ou agressões sexuais.

Especialistas indicam que esses números inferiores ao real, uma vez que emergências são notificadas apenas nas situações mais críticas, e muitos casos não chegam às autoridades médicas.

Em 16 de março, uma mulher presa na Geórgia, que não falava inglês, ligou para o 911 pedindo ajuda antes da chamada cair. Um funcionário da prisão, ao receber a ligação de retorno da emergência, respondeu que se tratava de um centro de detenção e que a detenta havia ligado para o 911, pedindo desculpas sem enviar atendimento. A voz da mulher perdeu-se em pedidos de socorro.

De acordo com a Wired, as instalações do ICE (órgão de imigração dos EUA) encontram-se sobrecarregadas, com o número de detenções aumentando mais de 48% desde janeiro, alcançando um recorde histórico superior a 59 mil pessoas.

Com a volta do Donald Trump à Presidência, as fiscalizações e ações contra migrantes em situação irregular aumentaram. Ele prometeu deportações em massa e, em março, usou a Lei de Inimigos Estrangeiros para permitir expulsões sem processo legal em casos especiais.

O assessor Stephen Miller declarou à Fox News que o governo pretende triplicar as detenções realizadas pelo ICE, fixando uma meta de pelo menos 3.000 prisões diárias.

Esse cenário resultou na saturação dos centros de detenção e na intensificação das emergências, conforme aponta a revista. O governo Trump e o ICE não emitiram comentários.

O centro de detenção Stewart, gerido pela empresa privada CoreCivic, é um dos mais foco de problemas. Localizado em área isolada, ele registrou nos primeiros quatro meses de 2025 um aumento superior a três vezes nas emergências graves comparado ao mesmo período do ano anterior, apesar de crescimento modesto no número de detentos.

A ocorrência de convulsões, traumas cranianos e problemas cardíacos é frequente. Desde 2017, Stewart lidera o número de mortes em custódia em todo o país.

O médico e ex-consultor do Departamento de Segurança Interna, Marc Stern, ressalta que a localidade remota agrava a situação dos detentos, que, ao contrário dos cidadãos que escolhem onde morar, não controlam onde são mantidos e frequentemente são transferidos de áreas urbanas com melhor atendimento para locais com assistência médica deficiente.

A CoreCivic afirma que possui profissionais qualificados nas unidades, mas organizações que auxiliam famílias de detentos destacam que denúncias por superlotação e falta de atendimento médico cresceram nos últimos tempos.

Dos dez centros avaliados, seis apresentaram picos significativos nas chamadas ao 911 em 2025, e em alguns casos, as emergências triplicaram. O cenário revela um agravamento preocupante da situação nos centros de detenção dos EUA.




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