A missão Axiom 4, liderada por um astronauta americano, foi lançada às 2h31 da madrugada desta quarta-feira (25/6) a bordo do foguete Falcon 9 da SpaceX, empresa espacial de Elon Musk.
A cápsula Crew Dragon, que transporta a equipe, está prevista para acoplar na Estação Espacial Internacional (ISS) na quinta-feira, onde ficará até 14 dias. O lançamento, inicialmente marcado para 11 de junho, foi adiado por causa de um vazamento no foguete.
A comandante da missão, Peggy Whitson, é americana e possui um recorde de 675 dias no espaço, o maior entre mulheres e entre todos dos Estados Unidos. Atualmente, ela trabalha na Axiom Space, uma empresa privada de voos espaciais.
O time inclui também o piloto indiano Shubhanshu Shukla, o especialista polonês Slawosz Uznanski-Wisniewski e o pesquisador húngaro Tibor Kapu. Todos fazem sua estreia em voos espaciais e representam o primeiro envio patrocinado por seus governos em mais de quatro décadas.
Recorde de pesquisas científicas a bordo
Durante os dias na estação, a equipe realizará mais de 60 experimentos científicos focados em microalgas e tardígrados, animais microscópicos conhecidos como ursos d’água. Esses estudos são apoiados por 31 países, entre eles Estados Unidos, Índia, Polônia, Hungria, Arábia Saudita, Brasil, Nigéria e Emirados Árabes Unidos.
Entre os destaques estão pesquisas que avaliam o efeito da microgravidade em doenças como diabetes, câncer e degeneração muscular, além de estudos com microalgas, sensores biométricos, culturas de sementes, radiação, impressão 3D e cognição humana no espaço.
De cosmonautas a astronautas
A última vez que astronautas da Índia, Polônia ou Hungria foram ao espaço foi há mais de 40 anos, quando eram chamados de “cosmonautas” e participaram de missões soviéticas para países aliados da URSS. Isso ocorreu antes da dissolução do bloco soviético.
Em coletiva recente, Shubhanshu Shukla afirmou: “Carrego comigo não apenas equipamentos, mas também as esperanças e os sonhos de um bilhão de corações.” Ele está prestes a fazer história ao se tornar o primeiro indiano na ISS e o segundo indiano a orbitar a Terra, após Rakesh Sharma, que viajou para a estação espacial Salyut 7 em 1984.
Espera-se que a participação de Shukla na missão Axiom seja um passo importante para o primeiro voo espacial tripulado da Índia, previsto para 2027. Durante a estadia, ele poderá falar com uma figura importante, possivelmente o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Investimentos e cooperação internacional
A Hungria comunicou em 2022 um investimento de US$ 100 milhões para sua participação na missão. Índia e Polônia não revelaram valores oficiais, mas a Índia teria investido mais de US$ 60 milhões, segundo a mídia local.
Essa missão representa também uma importante colaboração internacional em pesquisa espacial, envolvendo agências como a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), a Agência Espacial Europeia (ESA) e o programa espacial Hunor da Hungria, que liderará 25 dos experimentos propostos.
Além disso, a missão é um avanço para a Estação Axiom, a primeira estação espacial comercial, que pode se tornar um centro permanente para ciência, indústria e exploração espacial, especialmente diante do possível corte de 24% no orçamento da NASA previsto para o próximo ano.
Contexto político e importância para a NASA
A missão ocorre após um conflito entre o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e Elon Musk no início de junho, quando Musk ameaçou descontinuar a cápsula Crew Dragon, mas logo voltou atrás.
Essa cápsula é vital para a NASA, pois é a única nave americana autorizada a levar astronautas à ISS, além de ser usada pelo Pentágono para transporte de tripulações, cargas e satélites ao espaço, o que demonstra a interdependência entre o governo dos EUA e a SpaceX.