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terça-feira, 24/06/2025




Assessor de Trump menciona Abraão e Deus em evento de divulgação de imagens do espaço

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SALVADOR NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Na segunda-feira (23), foram apresentadas as primeiras imagens do Observatório Vera C. Rubin, que além de mostrar impressionantes retratos do céu em movimento, evidenciou as contradições de um país em grande mudança. O evento aconteceu na sede da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em Washington.

Dos quatro oficiais que iniciaram a apresentação, dois estavam exercendo cargos interinos: Brian Stone, secretário-executivo atuando temporariamente como diretor da Fundação Nacional de Ciência dos EUA após a saída de Sethuraman Panchanathan em abril; e Harriet Kung, diretora interina do Escritório de Ciência do Departamento de Energia americano.

Embora o projeto conte com a participação de cientistas do mundo todo, inclusive do Brasil representado pelo LIneA (Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia), e eventos tenham sido realizados localmente para mostrar as primeiras imagens, como na sede da Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro, o único representante internacional a falar foi o embaixador do Chile nos EUA, Juan Gabriel Valdes.

Valdes ressaltou a importância de dar o nome de Vera Rubin (1928-2016), astrofísica estadunidense que foi a primeira a encontrar provas significativas da existência da matéria escura ao estudar a rotação de galáxias espirais. Ele destacou que esta é uma mensagem para os jovens do Chile e do mundo sobre a igualdade no acesso ao conhecimento.

Em contraste com Valdes, o último a se pronunciar antes da apresentação científica foi Michael Kratsios, diretor do Escritório de Política de Ciência e Tecnologia da Casa Branca e assessor direto do presidente Donald Trump.

Distanciando-se do tom usual dessas apresentações, Kratsios deu pouca atenção à cooperação internacional, afirmando que existem feitos que somente os EUA podem realizar. Ele chamou o projeto de um triunfo da inventividade tecnológica americana e mencionou uma ‘era de ouro’ para a pesquisa.

De forma surpreendente, o assessor da Casa Branca também fez referências religiosas, citando Abraão e Deus, além de mencionar a busca para ‘descobrir os mistérios da Criação’, o que parecia um pouco fora do contexto do evento.

Durante a sessão de perguntas, quando uma jornalista questionou sobre os cortes orçamentários na Fundação Nacional de Ciência e seu possível impacto nas operações futuras do Rubin, os cientistas presentes foram impedidos de comentar, com os organizadores afirmando que não especulariam sobre a questão.

Apesar do entusiasmo patriotista e da relutância em debater temas da política científica americana, chamou atenção que, entre os cinco cientistas que responderam aos jornalistas, estavam Sandrine Thomas, da França, Federica Bianco, da Itália, e, claro, o diretor do Rubin, Ivezic, da Croácia.




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