A Alemanha anunciou que deixará de financiar organizações não-governamentais (ONGs) que realizam operações de resgate de migrantes no Mar Mediterrâneo e em outras regiões. A informação foi confirmada por fontes do Ministério das Relações Exteriores na quarta-feira (25), sinalizando uma mudança na política migratória do país.
Segundo as fontes, “o governo federal não pretende conceder novos subsídios às ONGs que atuam no resgate civil”. Esta medida representa uma alteração em relação à postura adotada pela coalizão anterior, que sustentava o apoio financeiro a essas entidades.
No primeiro trimestre de 2024, aproximadamente 900 mil euros foram direcionados às ONGs afetadas, totalizando 2 milhões de euros ao longo do ano. Entre as beneficiadas estavam organizações como SOS Humanity, SOS Méditerranée, RESQSHIP, Sea-Eye e Sant’Egidio, todas empenhadas no salvamento de migrantes em uma das rotas mais perigosas do mundo.
A Britta Hasselmann, líder dos deputados ecologistas, criticou duramente a decisão, qualificando-a como “dramática” e advertiu que pode agravar a crise humanitária no Mediterrâneo.
Gorden Isler, presidente da Sea-Eye, considerou a medida um “sinal catastrófico” para os socorristas, que poderão ser impedidos de atuar em situações de emergência no mar.
Das 21 ONGs envolvidas nas operações de resgate no Mediterrâneo central, dez são alemãs. Segundo um coletivo dessas organizações, mais de 175 mil migrantes foram salvos durante as ações nos últimos dez anos.