Nos últimos 12 meses, a gasolina subiu 32%, o etanol, 36%, e o diesel, 40%.
O aumento dos combustíveis em função da guerra na Ucrânia já provocou mudanças no comportamento dos consumidores brasileiros.
O último reajuste feito pela Petrobras nos combustíveis, na semana passada, elevou o preço da gasolina em 18,7%, e do diesel em 24,9%. Os valores se referem ao que foi alterado nas refinarias. No acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, o IPCA dos combustíveis, principal indicador de inflação do Brasil, teve uma alta de 33%. A gasolina subiu 32%, o etanol, 36%, e o diesel, 40%. Valores muito acima do índice geral, que está em 10,54%.
O aumento de preços é o maior problema que o país precisa enfrentar ainda em 2022, na opinião de 57% dos entrevistados da pesquisa. Logo depois vem o desemprego (19%), a pobreza (12%), e a violência (6%). “A inflação é um tema de preocupação dos brasileiros. O que vai dominar o debate deste ano de eleição é a economia”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.
Pessoas ouvidas, 1.284 pessoas entre os dias 15 a 17 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Os dados mostram que quanto menor a renda, maior o ajuste na maneira de se locomover para driblar a alta dos combustíveis. Entre os que ganham até um salário mínimo, 92% dizem que diminuíram o uso do carro ou da moto. Na parcela com poder aquisitivo mais alto, com renda superior a 5 salários mínimos, este número é de 74%.
“Os combustíveis têm efeito direto na vida do brasileiro. 80% dos entrevistados dizem que estão muito insatisfeitos com o preço praticado no país atualmente.
O diesel foi o sétimo item que mais subiu de preço no acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, entre os mais de 400 que compõem o IPCA. A etanol teve a décima quarta maior alta, e a gasolina a décima sétima. Os produtos que mais subiram foram a cenoura (83%), o café moído (61%), e o mamão (57%).
Apesar de os itens alimentícios representarem as maiores altas de inflação, para 46% a percepção é maior nos combustíveis. Os alimentos e bebidas somam 29%, seguido do gás de cozinha, com 15%.
Se o barril de petróleo diminuir de preço, a gasolina cai no Brasil?
Quando o preço da commodity no mercado internacional sobe, há um aumento na gasolina no posto mais perto de sua casa aqui no Brasil, já que a Petrobras tem uma política de cotação dos combustíveis atrelada ao que é praticado no exterior, em dólar. Seguindo esta lógica, quando há queda no mercado internacional, o preço é reajustado para baixo em solo brasileiro também?
A resposta é: não necessariamente, como explica André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. “Apesar da forte queda do barril de petróleo nos últimos dias, basta lembrar que não faz pouco tempo este mesmo contrato do tipo brent [o mais comum] era cotado a US$ 139. Não devemos ver recuo de preços no país uma vez que há ainda alguma diferença entre os preços domésticos e externos”, diz.
O professor de economia da FGV Rio de Janeiro, Mauro Rochlin, lembra quem em outros momentos em que o barril do petróleo teve queda no mercado internacional houve uma diminuição no preço ao consumidor. Mas que, neste momento, o cenário é outro porque a Petrobras segurou aumentos que ocorreram depois do último reajuste, em janeir0.