Pesquisa feita pela Ipsos aponta que 63% dos médicos ouvidos pela pesquisa acreditam que a sociedade local está engajada no enfrentamento da pandemia
Uma pesquisa realizada pela Ipsos na América Latina apontou que, para 64% dos médicos brasileiros, a população não está pronta para lidar com a pandemia da covid-19.
A pesquisa, realizada em parceria com a Fine, foi feita entre os dias 31 de março e 3 de abril e ouviu 1.580 profissionais da medicina de várias especialidades em quatro países: Brasil, Argentina, Colômbia e México.
No caso do Brasil, a percepção piorou na comparação com a primeira pesquisa, realizado entre os dias 21 e 23 de março, quando 56% acreditavam que a população não estava preparada.
Na outra ponta, 63% dos médicos brasileiros acreditam que a sociedade está engajada na luta contra a pandemia, número que representa uma queda em relação a primeira pesquisa, que apontava 67%.
Em relação ao suporte dos governos, oito em cada dez (80%) entrevistados declararam receber apoio e informações governamentais, porcentagem que ficou inalterada entre os dois períodos de pesquisa.
76% dos profissionais também acreditam que a infraestrutura hospitalar do Brasil não está preparada para a pandemia, praticamente o mesmo nível da primeira pesquisa (78%).
Nesta quinta-feira (16), o governo de São Paulo divulgou uma estimativa de que asunidades de terapia intensiva (UTIs) do Estado para pacientes de covid-19 estarão lotadas até maio com o avanço da doença.
O Brasil tem 30 mil casos confirmados de coronavírus e quase 2 mil mortes até o momento. São Paulo é o estado mais afetado pela doença, com 11.568 infectados e 853 óbitos, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde.
Percepção na América Latina
No México, 86% dos médicos acreditam que a população não está preparada para lidar com o surto. Na Colômbia, 89%, representando um aumento de dois pontos percentuais sobre a pesquisa realizada entre 21 e 23 de março.
A Argentina é o único país que observou melhora nesse quesito: 59% acreditam que os argentinos não estão prontos para lidar com a pandemia; em março, a porcentagem era de 73%. Desde o mês passado, o atual presidente do país, Alberto Fernández, estabeleceu medidas rígidas de isolamento social.
Os médicos mexicanos enxergam uma queda brusca nesse sentido, com apenas 35% vendo a população engajada, contra 54% em março.
Na Colômbia aconteceu o mesmo: o número foi de 64% para 50%. Enquanto isso, os argentinos seguem mais otimistas, com 85% de crença no engajamento da sociedade.
Sobre a estrutura hospitalar, 82% dos colombianos acham que os hospitais não irão suportar a pandemia; uma queda em relação aos 90% da pesquisa anterior. A Argentina se manteve estável, com 70%.
Os mexicanos estão mais pessimistas, com 88% dos entrevistados afirmando que o país não possui infraestrutura para lidar com a covid-19. O México tem 6.296 casos confirmados e 486 mortes, segundo o monitoramento em tempo real da universidade norte-americana Johns Hopkins.