Pesquisa Go2Mob/FirstCom feita com mais de 4,5 mil pessoas mostra que 67,6% dos cidadãos estão otimistas com a vida pós-vacina; mais da metade perdeu o emprego no último ano
A situação econômica de muitos brasileiros piorou durante a pandemia: a alimentação básica do paulistano teve alta de 29% em um ano e a inflação do aluguel acumula alta de 31%, para citar alguns exemplos. Mesmo assim, brasileiros das classes C e D não perdem o otimismo. Uma pesquisa recente mostra que 67,6% deles acreditam que a economia deve ter forte retomada após o fim da covid-19 no país.
A conclusão é de um estudo realizado por meio da parceria entre a Go2Mob, empresa que oferece soluções integradas para o setor mobile com foco em mídia, dados, consultoria e pesquisa, e a FirstCom Comunicação, agência de relações públicas. Com questões sobre trabalho, renda, consumo, educação, vacinação e saúde, a pesquisa, feita via SMS, contou com a participação de 4.515 brasileiros dos 26 Estados e do Distrito Federal.
“Nosso estudo demonstrou que o brasileiro é um otimista por natureza. Após mais de 1 ano de pandemia e do início da vacinação, os brasileiros das classes C e D estão esperançosos em conseguir retornar ao mercado de trabalho e muitos decidiram criar um negócio próprio para sobreviver, o que comprova a resiliência do brasileiro frente à maior crise sanitária da história do País”, assinala Alexandre Ribeiro, CEO da Go2Mob.
Apesar dos otimistas formarem maioria, há quem não veja sinais de retomada tão cedo: 26,9% dos entrevistados acham que a economia não vai melhorar nem piorar e 5,5% acreditam que a situação vai piorar. Alguns sinais que podem contribuir para essa visão são o amplo desemprego no setor informal e o ritmo lento de vacinação no país. Em números, a falta de emprego é recorde em 20 estados e apenas 8% da população brasileira foi vacinada até agora, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
Atrelar a retomada econômica à vacinação também é possível ao observar os resultados do estudo. Entre os entrevistados, 68,3% pretendem tomar a vacina contra a doença causada pelo coronavírus assim que estiver disponível.
Home office não é uma realidade
Pouco mais da metade dos 4,5 mil entrevistados (54,6%) perderam o emprego no último ano. Entre eles, 46,9% tiveram acesso ao auxílio emergencial e 48% decidiram empreender ou pensam nisso após o fim da pandemia.
No grupo de quem conseguiu manter o emprego, apenas 17,5% estão trabalhando no sistema home office (e a maioria pretende manter esse formato de trabalho mesmo após o fim da pandemia).
Para Nilson Pereira, CEO do ManPowerGroup Brasil, ainda não é possível ver com clareza como esse cenário deve se manter com o fim da pandemia. De todo modo, uma “revolução de competências” é inevitável para os profissionais que pretendem buscar ocupações relacionadas ao ambiente digital.
“A gente precisa de uma economia mais equilibrada para realmente saber o quanto isso vai perdurar. Sabemos que somente 10% das funções no país são elegíveis para home office, a maioria dos trabalhadores ainda está dentro da indústria, nas linhas de produção e em contato com clientes”.
Maior circulação, mais chances de contrair a covid-19 = sem aulas presenciais
Com menos de 20% dos entrevistados empregados trabalhando em sistema home office, o índice de contaminados pelo coronavírus — ou de quem teve algum membro da família infectado — supera os 30% (31,7%).
Mesmo tendo que sair de casa, os entrevistados, em sua maioria, não apoiam a volta às aulas presenciais. Entre os 4,5 mil entrevistados, 26,1% têm filhos em idade escolar e, destes, 89,1% afirmaram que os filhos ainda não voltaram para a escola.
Para 31% das famílias, os filhos adolescentes pararam de estudar para trabalhar e ajudar em casa. Apesar do percentual significativo, eles ainda são minoria quando comparados aos que mantiveram o ensino à distância: 67,1% afirmam que os filhos estão estudando em casa e 79,2% disseram que estão conseguindo acompanhar as aulas.
Ainda assim, a evasão escolar é um fator que terá de ser observado no pós-pandemia. No último ano, um terço dos alunos no país cogitava abandonar a escola diante do avanço da covid-19 no país. Em uma pesquisa com 33.000 jovens, metade ainda poderia desistir de fazer o Enem e 70% teve perda em renda na família.
“O futuro desta, que é a maior geração de jovens da história do país, está seriamente em risco, o que pode impactar drasticamente os rumos da sociedade nas próximas décadas”, disse em comunicado apresentando a pesquisa Marcus Barão, vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude e coordenador do estudo.
Em relação às aulas presenciais, a decisão dos pais vai ao encontro do aumento de restrições, gerado pela alta de casos de covid-19 em todo o país. Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas suspendeu o retorno às aulas, marcado para o dia 12 deste mês. As escolas municipais hoje têm cerca de 1 milhão de alunos, em creches, escolas de educação infantil, fundamental e pouquíssimas de ensino médio. É a maior rede municipal do País.
Também neste mês, o sindicato dos professores ameaçou decretar greve, se dizendo contra a volta presencial.
Ainda assim, o assunto não é uma unanimidade. Antes dos recordes de mortes por covid-19 registrados neste mês em todo o país, o secretário de educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares, era um defensor da volta às aulas presenciais.
Mesmo com todas essas adversidades e discussões, os pesquisadores ressaltam o otimismo dessas classes sociais como um fator positivo a ser levado em conta no pós-pandemia.
“Este é o segmento da sociedade claramente mais atingido pelo covid. A vacina se mostrou uma esperança para estas pessoas de retomar uma vida normal e superar o grande impacto econômico gerado em 2020”, diz Luis Claudio Allan, CEO da FirstCom.