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domingo, 24/11/2024
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Zika é resultado de falhas em políticas públicas, diz OMS

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No passado, o Aedes aegypti quase foi erradicado. Quando os programas de controle foram interrompidos na década de 1970, porém, o mosquito voltou

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A crise em torno do zika vírus se deve a décadas de políticas falhas de controle de mosquitos e à falta de acesso a serviços de planejamento familiar, informou nesta segunda-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS). “A propagação do zika (…) é resultado da desastrosa política que levou ao abandono do controle de mosquitos nos anos 1970”, declarou Margaret Chan, diretora-geral da OMS, no início da assembleia anual de saúde da organização em Genebra.

Essas falhas permitiram que o vírus se espalhasse rápido e criasse “uma ameaça significante para a saúde global”, disse Chan à cerca de 3.000 delegados dos 194 países-membros da OMS.

Especialistas afirmam que o zika vírus está por trás do surto de microcefalia – doença que se caracteriza por um perímetro craniano menor que o normal – na América Latina, em bebês nascidos de mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez.

O zika, que também causa distúrbios neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, é transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, mas também por contato sexual.

Nas décadas de 1950 e 1960, foram realizados programas de controle de mosquitos para evitar a propagação da dengue e da febre amarela, e o Aedes aegypti quase foi erradicado na América do Sul e Central. Quando os programas foram interrompidos na década de 1970, porém, o mosquito voltou.

Chan denunciou, ainda, políticas falhas em relação aos direitos reprodutivos. Muitos dos países mais atingidos pelo surto atual de zika são católicos e conservadores, e a sua “incapacidade de fornecer acesso universal a serviços de planejamento familiar e contracepção” agravou a crise, disse Chan.

Com o vírus presente atualmente em 60 países, inúmeras mulheres que podem querer adiar a gravidez não têm acesso à contracepção, e menos ainda ao aborto. Chan afirmou que a América Latina e o Caribe “têm a maior proporção de gravidezes não desejadas do mundo”.

“Sem vacinas nem exames confiáveis e amplamente disponíveis para proteger as mulheres na idade fértil, tudo o que podemos oferecer são conselhos”, disse. “Evitar picadas de mosquito, adiar a gravidez, não viajar para áreas com transmissão em curso”, completou.

No Brasil, o país mais atingido, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com zika, e cerca de 1.400 casos de microcefalia foram registrados desde o início do surto, no ano passado.

Pesquisadores estimam que uma mulher infectada com zika durante a gravidez tem 1% de chance de dar à luz a um bebê com microcefalia.

O vírus da zika está presente na África e na Ásia desde pelo menos a década de 1940, tendo circulado por muito tempo sem causar preocupação. Por si só, a zika não é grave, já que provoca sintomas similares aos de uma gripe leve.

Mas quando a linhagem asiática do vírus chegou à América Latina, no ano passado, causou muitos estragos em uma população nunca antes exposta ao vírus.

Na semana passada, a OMS disse que a linhagem asiática está agora, pela primeira vez, se propagando por um país africano – Cabo Verde -, aumentando a preocupação sobre o impacto que pode ter sobre a população do continente. “O que estamos vendo agora se parece cada vez mais com um ressurgimento dramático da ameaça de doenças infecciosas”, disse, e alertou: “O mundo não está preparado para enfrentar” este cenário.

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