JULIANA ARREGUY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confirmou sua pré-candidatura à Presidência da República neste sábado (16), aproveitando a falta de definição na direita para as eleições de 2026 e apostando em uma imagem de outsider, mesmo estando em seu segundo mandato.
O anúncio será feito durante a convenção nacional do partido Novo, em um hotel na zona sul de São Paulo, reunindo deputados federais, estaduais e prefeitos da sigla. Os organizadores acreditam que Zema é o único candidato da direita que depende apenas de si para se firmar como presidenciável.
“Temos condições de lançar a pré-candidatura agora porque somos um partido unido e alinhado, com um objetivo claro para o país, e o principal desafio é tornar Zema conhecido em todo o Brasil”, disse à Folha o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro.
Aliados avaliam que a pré-candidatura coloca Zema à frente de possíveis concorrentes, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), em meio à indefinição sobre os nomes para as eleições do próximo ano.
Tarcísio, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível e cumprindo prisão domiciliar, é visto como possível herdeiro do apoio bolsonarista, embora ele negue que irá concorrer à Presidência, afirmando que buscará a reeleição no estado de São Paulo. Contudo, teria indicado que poderia aceitar a candidatura caso seja solicitado por Bolsonaro.
Caiado e Ratinho Jr. dependem tanto da decisão de Tarcísio quanto da aprovação de seus partidos, que precisam formar alianças com outras siglas.
O Novo, que tradicionalmente lança candidaturas próprias, afirma que só abrirá mão de lançar Zema se Bolsonaro conseguir reverter sua inelegibilidade e disputar as eleições do ano que vem.
Além disso, o partido se beneficia do posicionamento do ex-presidente, que teria dito a Zema que quanto mais candidatos à direita houver no primeiro turno em 2026, melhor para eles.
Imagem de outsider
Nascido em Araxá, no Triângulo Mineiro, Zema foi eleito governador de Minas Gerais em 2018 logo em sua primeira candidatura, mesmo ano em que se filiou ao Novo. Sua campanha teve forte ênfase em combater o PT e a corrupção, pontos que ele pretende reforçar em seu discurso.
Reeleito em 2022 no primeiro turno, Zema usará seu plano de austeridade fiscal como principal argumento para criticar as políticas econômicas do governo Lula, entre elas os altos salários e benefícios no setor público. Ele destaca a redução da dívida do estado durante sua gestão e o lançamento recente de um site para divulgar suas realizações.
Zema também defende equiparar facções criminosas a grupos terroristas, ideia que já expôs publicamente, inclusive em entrevista à Folha.
Na quinta-feira (15), declarou apoio à remoção compulsória de moradores em situação de rua, comparando-os a carros estacionados irregularmente que são guinchados.
“Se alguém deixa o carro estacionado num local proibido, o carro é guinchado. Agora, quem fica na porta de um comerciante que paga imposto, gera emprego, e atrapalha clientes? Ninguém pode fazer nada”, afirmou à BBC News Brasil.
Apesar de estar no segundo mandato como governador, Zema pretende reforçar a imagem de outsider em sua tentativa ao Planalto. A expectativa é que ele faça uma apresentação de cerca de 15 minutos, no estilo TED Talks, para contar sua trajetória e as razões que o levaram à política.
O evento será organizado para que Zema circule livremente pelo palco, sem púlpito, enfatizando que não é um político tradicional. O discurso enfatizará sua origem humilde e seu sucesso empresarial. O texto do discurso foi preparado pelo marqueteiro Renato Pereira, contratado pelo Novo em fevereiro deste ano.
O partido também buscará destacar seus principais nomes nacionais durante o evento, com palestras do senador Eduardo Girão (SE), dos deputados federais Adriana Ventura (SP), Gilson Marques (SC), Luiz Lima (RJ), Marcel van Hattem (RS) e Ricardo Salles (SP), além do ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol.
Em fevereiro do ano passado, o Novo alterou seu estatuto para permitir o uso de recursos públicos em campanhas eleitorais. Assim, para 2026, o partido pretende utilizar integralmente os fundos partidário e eleitoral acumulados até então.