O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta quarta-feira (24/12) estar aberto a retirar as forças ucranianas das áreas ainda controladas por Kiev na região de Donetsk, no leste do país, contanto que a Rússia faça o mesmo. Essa iniciativa faz parte de um plano para estabelecer uma zona desmilitarizada na linha de frente do conflito.
Durante uma entrevista coletiva, Zelensky apresentou um novo plano de paz com 20 pontos, elaborado após reuniões entre representantes da Ucrânia e dos Estados Unidos em Miami. A proposta sugere congelar as posições militares atuais como base para a criação dessa zona livre de tropas.
O presidente afirmou que ainda não há acordo sobre a questão territorial, um dos pontos mais delicados das negociações, nem sobre a possibilidade de entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Zelensky comentou que os Estados Unidos sugeriram uma zona com características desmilitarizadas e econômicas ao longo da linha de frente.
Outro assunto pendente é o destino da usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia desde o começo da guerra. A proposta dos EUA prevê uma gestão compartilhada entre Ucrânia, Estados Unidos e Rússia. A Ucrânia prefere um acordo bilateral com os EUA, assegurando metade da energia gerada.
Principais pontos do plano de 20 itens
- Reafirmação da soberania ucraniana;
- Acordo formal de não agressão entre Rússia e Ucrânia;
- Garantias de segurança internacionais para Kiev;
- Manutenção de um Exército ucraniano de até 800 mil soldados;
- Apoio dos Estados Unidos, da Otan e de países europeus, em moldes semelhantes ao Artigo 5 da aliança militar.
Negociações diretas propostas
Zelensky também pediu um encontro entre chefes de Estado para discutir as questões territoriais e disse estar disposto a conversar com Donald Trump. O presidente ucraniano não mencionou um possível encontro com o líder russo, Vladimir Putin.
Reação do governo russo
O Kremlin confirmou o recebimento da versão revisada do plano de paz e prepara uma resposta a ser enviada aos Estados Unidos em breve. O enviado especial russo, Kirill Dmitriev, participou das reuniões em Miami e já relatou a situação a Putin.
Embora a diplomacia tenha avançado, ainda há dúvidas sobre a aceitação do acordo. A Rússia exige controle sobre a região do Donbass, que inclui Donetsk e Luhansk, e garantias de que a Otan não expandirá sua influência para o leste europeu, o que o documento atual não contempla.
O plano também prevê a futura adesão da Ucrânia à União Europeia, um pacote internacional de reconstrução avaliado em US$ 800 bilhões, além da criação de fundos humanitários e econômicos e realização de eleições após a assinatura do acordo.
No âmbito territorial, a proposta estabelece zonas livres de tropas e econômicas ao longo da linha de frente em Donetsk com o compromisso de que quaisquer mudanças nas fronteiras não sejam feitas pela força.
Um cessar-fogo completo entraria em vigor assim que todas as partes concordassem com os termos definidos.

