O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça-feira (9/12) que a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não é possível no contexto geopolítico atual. Em entrevista ao site ucraniano Strana, ele ressaltou ser “realista” diante da resistência de aliados ocidentais e do veto permanente da Rússia.
“Somos realistas. Desejamos ingressar na Otan, isso é justo. Mas sabemos com certeza que nem os Estados Unidos nem diversos outros países ainda reconhecem a Ucrânia como parte da aliança. E a Rússia, naturalmente, nunca permitirá nossa entrada”, afirmou Zelensky.
As declarações aconteceram no mesmo dia em que o presidente afirmou que está disposto a realizar eleições nacionais, desde que sejam garantidas condições jurídicas e de segurança para a participação de todos os eleitores, inclusive militares mobilizados no conflito.
“Estarei na Ucrânia amanhã. […] Estou preparado para as eleições […] Aguardarei propostas de parceiros e de nossos parlamentares e estou pronto para avançar com o processo eleitoral”, disse.
Ele explicou que o país precisaria alterar a legislação eleitoral e garantir mecanismos para que os soldados na linha de frente possam votar.
O governo ucraniano destaca que a realização de uma eleição segura exige essas duas condições — modificações legais e segurança — que são inviáveis devido à guerra e à vigência da lei marcial.
Lei Marcial
Os poderes presidenciais de Zelensky expiraram no ano anterior, mas o pleito foi adiado por conta do conflito.
A lei marcial na Ucrânia confere poderes ampliados ao Executivo e às Forças Armadas durante a invasão russa, com restrições aos direitos civis e permissão para medidas excepcionais de defesa.
Zelensky afirmou que, caso ocorram mudanças na legislação e haja garantias externas, o país poderia promover eleições em um prazo de 60 a 90 dias.
Além do tema eleições, o presidente indicou que a Ucrânia apresentará aos Estados Unidos, já nesta quarta-feira (10/12), uma versão atualizada de sua proposta de paz. Ele explicou que o documento foi revisado em Londres após encontros com líderes do Reino Unido, França e Alemanha.
De acordo com Zelensky, três documentos estão sendo discutidos com parceiros do Ocidente: uma estrutura de 20 pontos em desenvolvimento; um acordo de garantias de segurança; e um plano para a reconstrução do país — fase que só poderá avançar após o término da guerra ou a garantia de um cessar-fogo. O presidente reiterou que Kiev não tem intenção de abrir mão dos territórios ocupados pela Rússia.