O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça-feira (12/8) que não aceitará qualquer decisão da reunião agendada entre o líder russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso Kiev não participe diretamente.
O encontro será realizado na sexta-feira (15/8), no Alasca, com o objetivo de discutir soluções para encerrar o conflito iniciado em 2022 na Europa Oriental.
“Não é possível discutir a Ucrânia sem a Ucrânia, e ninguém vai aceitar isso. Essa conversa pode ser relevante para as relações bilaterais entre Rússia e EUA, mas não podem decidir nada sobre nós sem nossa participação. Espero que o presidente dos Estados Unidos compreenda isso e leve em consideração”, ressaltou Zelensky em um fórum.
Ainda na segunda-feira (11/8), Zelensky criticou a cúpula entre os líderes, demonstrando ceticismo em relação ao compromisso de Putin com a paz. O presidente ucraniano afirmou que o líder do Kremlin não mostra intenção de buscar o fim do conflito e que pretende usar politicamente o encontro com Trump como uma conquista pessoal.
Segundo Zelensky, relatórios militares e de inteligência indicam que a Rússia está realocando tropas para preparar novas ofensivas, e não para um cessar-fogo.
“Até agora, não existe indicação de que os russos estejam se preparando para um cenário pós-guerra”, declarou.
Na semana passada, a Casa Branca confirmou que Trump está disposto a se reunir tanto com Putin quanto com Zelensky, porém descartou a participação do presidente ucraniano no encontro desta sexta-feira.
O Kremlin confirmou que o principal tema da reunião será buscar uma solução duradoura para o conflito, e espera realizar outro encontro entre Putin e Trump em solo russo no futuro.
No entanto, autoridades russas criticaram a proposta de Kiev para antecipar uma reunião direta com Moscou, afirmando que esta iniciativa seria precipitada.
A aproximação entre Washington e Moscou ganhou força após uma reunião de três horas entre o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e Vladimir Putin, considerada uma tentativa de encontrar uma saída para a guerra.
Os presidentes das maiores potências mundiais irão se encontrar no Alasca na sexta-feira (15/8) para discutir possíveis termos para um cessar-fogo na Ucrânia. O Alasca é considerado um local seguro para Putin, que é procurado internacionalmente pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.
Este encontro reforça o discurso de Trump de desejar ser reconhecido como o líder da paz.
As negociações de paz mediadas pela Turquia continuam sem avanços significativos. A troca de prisioneiros permanece o único acordo alcançado, embora a Ucrânia tenha removido de sua lista cerca de mil soldados sem explicar publicamente a decisão.
Para Zelensky, a atitude russa não mudou. “Se alguém está se preparando para a paz, não é o que as ações indicam. Continuamos a informar nossos parceiros sobre a verdadeira situação no campo de batalha e sobre os planos russos para novas operações”, afirmou.
No final de julho, Trump estipulou um prazo de dez dias para que Putin concluísse um cessar-fogo, sob a ameaça de impor tarifas a produtos russos.