Em vídeo divulgado em suas redes sociais no domingo (12/10), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou que a Rússia tem aumentado a violência de seus ataques ao sistema energético ucraniano, aproveitando a atenção global direcionada ao Oriente Médio devido aos recentes eventos diplomáticos. Na sexta-feira (10/10), foi firmado um cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas, permitindo aos palestinos de Gaza buscarem reconstrução e criando expectativas para a libertação de reféns.
Zelensky declarou: “A Rússia está explorando o fato de que as atenções diplomáticas mundiais se concentram no Oriente Médio. Putin agravou a crise na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, e a Rússia tornou seus ataques à nossa infraestrutura energética mais ferozes – numa tentativa de compensar os fracassos militares em campo.”
Mediação e Diplomacia em Contextos Distintos
Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve sucesso em mediar o cessar-fogo no Oriente Médio, ele enfrenta desafios significativos na tentativa de intervir no conflito entre a Ucrânia e a Rússia. A situação na Europa é tensa, com Putin mantendo uma postura inflexível, Zelensky sob pressão e uma relação complicada entre Washington e Moscou. Recentemente, o governo dos Estados Unidos indicou a possibilidade de enviar mísseis Tomahawk à Ucrânia, o que, segundo o Kremlin, pode agravar significativamente o conflito.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, alertou para o risco de um confronto direto entre grandes potências caso a escalada continue e destacou que os Tomahawks podem ser equipados com ogivas nucleares.
Tensão e Impasse nas Negociações
Menos de dois meses após a cúpula do Alasca, onde Trump e Putin prometeram buscar a paz, as negociações estagnaram, com o Kremlin descrevendo o diálogo como em uma “pausa séria”. Segundo Peskov, os avanços são inexistentes, e a Ucrânia continua alimentando expectativas irreais de vitória com o apoio ocidental. Enquanto isso, a Rússia exige que a Ucrânia reconheça perdas territoriais e abandone planos de ingresso na OTAN, demandas rejeitadas por Kiev, que insiste em sua integridade territorial e garantias de segurança.
Outro ponto crítico é a insegurança sobre o futuro do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START), que limita arsenais nucleares e permanece como um dos principais mecanismos de controle entre Estados Unidos e Rússia. Putin propôs prorrogar o acordo por um ano, medida vista com ceticismo e sem iniciativas claras para retomar negociações significativas.
A Rússia também defende que futuras negociações incluam outras potências nucleares para um equilíbrio global, enquanto Washington percebe essa proposta como um esforço para reduzir responsabilidades e evitar inspeções diretas.
Desafios Diplomáticos para Trump
O impasse na guerra europeia contrasta fortemente com o sucesso recente de Trump no Oriente Médio. O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas o projetou como um importante mediador internacional, gerando expectativas em torno de um possível Prêmio Nobel da Paz, que acabou sendo concedido a uma líder opositora da Venezuela.
Atualmente, Trump tenta equilibrar sua retórica pacifista com a realidade de uma superpotência envolvida em um conflito delicado com a Rússia, buscando consolidar seu papel de importante articulador diplomático em meio a desafios complexos.