O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça-feira (16/9) sua disponibilidade para se encontrar com Vladimir Putin e Donald Trump sem impor condições prévias, porém descartou a possibilidade de o encontro ocorrer em Moscou, conforme entrevista concedida à emissora britânica Sky News, durante um momento de intensificação das tensões no conflito.
“Estou disposto a me reunir com Trump e Putin sem condições, mas não em Moscou.”
Zelensky expressou frustração diante da demora do Ocidente em implementar novas sanções contra a Rússia e pediu ações rápidas. Segundo ele, “Putin está claramente tentando enganar os EUA, fazendo de tudo para evitar e atrasar as sanções. Qualquer adiamento dá tempo para a Rússia se preparar melhor”.
O líder ucraniano também criticou Donald Trump, acusando-o de “ajudar Putin a escapar do isolamento” e solicitando uma posição firme sobre medidas de restrição e garantias de segurança para Kiev.
Impasses nas negociações
As declarações surgem em um contexto onde Moscou reconhece que os diálogos para o fim da guerra estão suspensos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou recentemente que não se pode esperar “resultados rápidos” e apontou que aliados europeus da Ucrânia estão dificultando o progresso.
Apesar das promessas de Trump de alcançar um cessar-fogo em breve, o ex-presidente dos EUA admitiu estar “perdendo a paciência” com a falta de avanços entre as partes.
Tensões e pressões externas
A tensão se agravou após drones russos violarem o espaço aéreo da Polônia, levando a OTAN a derrubar as aeronaves, situação considerada intencional por Varsóvia e que aumentou receios de expansão do conflito.
Ao mesmo tempo, países como França e Reino Unido promovem a ideia de uma força internacional para monitorar um cessar-fogo, proposta rejeitada por Moscou, que insiste na neutralidade da Ucrânia e na definição do futuro da região do Donbass como condições para qualquer acordo.
Posição de Putin e rejeição de Zelensky
Putin manifestou em agosto estar disposto a receber Zelensky em Moscou, desde que o encontro resulte em “avanços concretos”. Contudo, manteve que continuará a ofensiva militar caso suas exigências não sejam atendidas.
Zelensky recusou a proposta, afirmando que “a sugestão de minha ida a Moscou indica que a Rússia não deseja que o encontro aconteça”.
A possibilidade de diálogo direto entre Putin e Zelensky surgiu após a cúpula entre Trump e o presidente russo no Alasca, mas devido às condições colocadas por Moscou e às divergências sobre sanções e garantias de segurança, a chance de um encontro permanece remota.