Em discurso a líderes mundiais, presidente ucraniano afirma que recuo russo em Kherson é oportunidade para pressionar Putin e chegar a um acordo de paz.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta segunda-feira (14/11) que a guerra pode estar perto do fim.
“Estou convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia pode e deve ser interrompida. Isso salvará milhares de vidas”, afirmou ele em discurso transmitido em vídeo a líderes do G20, grupo que reúne as 19 principais economias do mundo e a União Europeia (UE).
Zelenski afirmou que o recuo russo em Kherson é uma oportunidade para pressionar Putin e chegar a um acordo de paz. “Não permitiremos que a Rússia recomponha suas forças e logo comece um novo episódio de terror e desestabilização”, disse.
O presidente ucraniano, no entanto, rejeitou veementemente concessões ao lado russo e elaborou uma série de propostas que foram apresentadas aos líderes do G20. Ele enfatizou que um cessar-fogo só seria possível quando as tropas russas deixassem o território ucraniano.
O plano de paz de Zelenski prevê a retirada de todas as tropas russas de seu país e que a Ucrânia mantenha seus territórios. Ele também reivindica a libertação de todos os prisioneiros ucranianos.
A Rússia rebateu o discurso do governante ucraniano, afirmando que a fala confirma que “Kiev não quer negociar a paz com Moscou”, conforme o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Pressão aumenta sobre Moscou
Esta terça-feira, primeiro dia da cúpula do G20, foi marcada pelo aumento da pressão da maioria dos países participantes contra a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Moscou foi representado na cúpula pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já que o presidente Vladimir Putin não foi à reunião, presumivelmente para evitar uma imagem de total isolamento neste fórum e por ser alvo de uma enxurrada de críticas.
Os representantes de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Japão foram alguns dos que lançaram os ataques mais contundentes contra Moscou na primeira sessão da cúpula, acusando o regime russo de usar alimentos e energia como arma de guerra ou de atentar contra a estabilidade econômica global, e exortando que o governo Putin a encerrar o conflito.
Eles promoveram uma declaração conjunta que deverá ser aprovada nesta quarta-feira e na qual a maioria dos membros do G20 condena firmemente a invasão russa da Ucrânia e denuncia “consequências devastadoras a nível humano e econômico”.
Lavrov, que esteve sentado neste primeiro dia de sessões entre os chanceleres do México, Marcelo Ebrard, e do Brasil, Carlos França, ouviu todas as intervenções sem se levantar de sua cadeira, ao contrário do que aconteceu na reunião de ministros do Exterior do G20 de julho passado, no mesmo cenário do de hoje. O ministro russo também permaneceu em seu lugar durante a fala em vídeo do presidente da Ucrânia.