Roma – A deputada federal Carla Zambelli (PL) participou nesta quarta-feira (27/8) de uma nova audiência na Justiça italiana, mas não saiu com uma definição sobre sua situação — se permanecerá presa ou se será liberada enquanto o processo de extradição para o Brasil é analisado.
Após prestar depoimento, Zambelli foi encaminhada de volta ao Instituto Penitenciário de Rebibbia para aguardar a decisão da Corte, que será tomada em caráter sigiloso e comunicada à defesa, possivelmente ainda hoje.
A parlamentar chegou algemada ao Tribunal de Apelação de Roma, vestindo jeans e moletom cinza. No tribunal estavam presentes seu marido, Aginaldo de Oliveira, seu irmão Bruno, o advogado Fábio Pagnozzi e quatro advogados italianos. O defensor Angelo Alessandro Sammarco afirmou que a deputada está abatida, mas permanece combativa.
De acordo com informações da defesa, na audiência foi discutido o resultado da perícia médica oficial realizada em Zambelli no dia 18 de agosto. A defesa requereu que a deputada aguarde em liberdade o desenrolar do pedido de extradição.
Carla Zambelli está detida na Itália desde 29 de julho, após quase um mês foragida da Justiça brasileira.
Na última quinta-feira (22/8), o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, além de perda do mandato, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, com placar de 9 a 2.
Ela é acusada de perseguir armada o jornalista Luan Araújo, que apoia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esta é a segunda condenação de Zambelli pelo STF. Na primeira, ela foi sentenciada pela Primeira Turma a 10 anos e oito meses de prisão pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023 e pela inserção de documentos falsos na plataforma.
Na audiência anterior, em 13 de agosto, a parlamentar precisou de atendimento médico emergencial após passar mal dentro da Corte. Segundo seu pai, sofre de mais de 10 doenças, incluindo a síndrome da taquicardia postural ortostática, que já provocou internações anteriores. Detida no Instituto Penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma, estaria sem acesso a alguns medicamentos.
A defesa apresentou também um laudo psiquiátrico paralelo à perícia oficial solicitada pela Justiça italiana. O documento conta com quase 90 páginas e destaca condições como fibromialgia, que causa dores intensas, um problema cardíaco que demanda cuidados médicos especializados, além de sintomas graves de depressão.
Em 22 de agosto, o STF confirmou a condenação de Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, com perda do mandato, pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. A votação terminou em 9 a 2, com destaque para o voto do ministro Gilmar Mendes, relator do caso.
O julgamento foi realizado em plenário virtual, com divergências entre os ministros Nunes Marques e André Mendonça.
Zambelli é acusada de perseguir, armada, o jornalista Luan Araújo em outubro de 2022 durante o segundo turno das eleições no bairro Jardins, em São Paulo. A Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia, que foi aceita pelo STF em agosto de 2023.