Drones, armas a laser, mísseis nucleares com capacidade para alcançar qualquer ponto da Terra, e novas tecnologias foram exibidos pela China em um desfile militar realizado na última quarta-feira (3/9) em Pequim. O evento demonstrou o poderio militar chinês e enviou uma mensagem sobre sua história e planos futuros.
O governo chinês promoveu um grande desfile na Praça Celestial da Paz, contando com a presença de 24 líderes mundiais, a maioria vindos de países asiáticos ou ex-repúblicas da União Soviética. Entre os participantes, destacaram-se Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un, que se encontraram pessoalmente pela primeira vez.
Sob a liderança de Xi Jinping, o Exército de Libertação Popular apresentou seu equipamento militar terrestre e aéreo durante quase duas horas, exibindo tropas, tanques, drones submarinos, mísseis de grande alcance, armas a laser e ogivas nucleares, com transmissão pela televisão estatal chinesa.
A data do desfile marcou o 80º aniversário da vitória da China contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, episódio que custou a vida de cerca de 20 milhões de chineses durante oito anos de conflito. Segundo o professor Sandro Teixeira, da Escola do Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil (Eceme), essa lembrança é ainda uma ferida para a China e o desfile militar deixou claro que o país não aceitará mais humilhações como aquelas do passado.
Além de recordar o passado, o desfile serviu para a China demonstrar sua posição no tabuleiro geopolítico atual, atraindo 24 líderes mundiais, muitos de países com relações difíceis com o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos e Europa. Entre eles, estavam comandantes de países asiáticos com fortes laços à China e presidentes de antigas repúblicas soviéticas como Azerbaijão e Belarus, próximos à Rússia. O Brasil foi representado pelo embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, e o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, também participou do evento.
Especialistas consultados destacam que a reunião e a demonstração militar reforçam a ideia de um bloco liderado por China e Rússia que se contrapõe à ordem global ocidental. O advogado internacional Julian Dias Rodrigues observa que o evento esteve carregado de simbolismo, com a presença de Putin e Kim Jong-un transformando a cerimônia em um palco político que mostra a disposição da China de fortalecer suas alianças fora do Ocidente e afirmar sua posição como potência global capaz de influenciar os rumos mundiais, inclusive alinhando-se a parceiros controversos e desafiando Estados Unidos e Europa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu à sua maneira, acusando Putin e Kim Jong-un de conspirar contra os EUA durante o desfile. Em seguida, afirmou que os Estados Unidos perderam a Rússia e Índia para a influência da China.