Maria Helena França, 14 anos, estudante do Centro Educacional (CED) 01 do Itapoã, passou a usar muito as palavras objetivo e disciplina depois que começou a praticar wrestling. Ela mora no Núcleo Rural Fazenda Velha e foi integrante do time do Distrito Federal nos Jogos da Juventude 2025, onde a luta livre foi uma das modalidades competidas.
Inspirada pela irmã Ana Luiza França, que estudou na rede pública do DF, Maria Helena se interessou pela luta desde os 7 anos. “Minha irmã tinha várias medalhas penduradas na parede e eu via aquilo todo dia, então virou meu sonho”, lembra.
Ana Luiza França conquistou medalha de bronze no Pan-Americano 2024 e já competiu em mais de dez países. Ela levava a irmã para os treinos quando eram mais jovens e atualmente mora e treina no Rio de Janeiro.
Maria Helena, que está iniciando sua carreira, participou dos Jogos Escolares e competiu novamente neste ano nos Jogos da Juventude. Antes do esporte, sua rotina depois da escola era comer muitos doces e assistir televisão deitada. Com a prática do wrestling, mudou os hábitos.
“Com o wrestling, comecei a fazer exercícios físicos. Se tenho competição, sei que preciso me alimentar melhor. O esporte ajuda muito no foco e disciplina. Hoje, mesmo que eu ganhe ou perca, dou meu melhor durante toda a luta, o que mostra a resistência que treino”, comenta. Para o futuro, quer ser bióloga marinha e unir a profissão com o esporte.
Crescimento do wrestling no DF
Os professores da rede pública Rodrigo Virmond e José Bonifácio Neto são responsáveis pelo desenvolvimento do wrestling no Distrito Federal com o projeto Luta pela Cidadania, criado em 2012. Hoje a iniciativa funciona em várias escolas como parte da educação integral.
Rodrigo destaca que o trabalho do técnico vai além do treinador: “Às vezes, também cuidamos dos atletas, levamos ao médico, ajudamos com roupas e mais. Quando dava aula no Itapoã, após treinos, levava os alunos para suas casas”.
O projeto não tem só o objetivo de fazer campeões, mas de ajudar os jovens a acreditar no próprio potencial e se tornarem bons cidadãos. “Se um atleta vira campeão é sucesso, mas se concluir a faculdade, passar em concurso, abrir negócio ou ser um bom pai ou mãe também é sucesso”, afirma o treinador.
Inspiração e exemplos
Um exemplo claro desse impacto é a atleta e ex-aluna da rede pública Geovania Marques Vieira. Sob orientação de Virmond e Neto, ela conquistou nove títulos brasileiros e medalhas nos Jogos da Juventude, além de se beneficiar do esporte para conhecer diferentes lugares e conseguir bolsa de estudos.
Antes de ser treinador, José Bonifácio Neto também estudou na rede pública do DF e descobriu a paixão pelo esporte, que o ajudou a seguir o caminho da escola e da vida. “Cresci na Chaparral e o esporte me trouxe de volta para o foco nos estudos”, lembra Neto.
*Com informações da Secretaria de Educação