Uma semana após o falecimento do marido, o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, a auxiliar de saúde bucal Liliane França da Silva compartilhou detalhes sobre a relação entre eles.
Laudemir foi morto a tiros na segunda-feira passada (11/8), enquanto desempenhava suas funções na coleta de lixo no bairro Bela Vista, na Grande Belo Horizonte (MG). O principal suspeito do assassinato, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, foi detido pelas autoridades.
De acordo com a viúva, carinhosamente chamada o esposo de “Lau”, ele sempre gostava de retornar para casa após o trabalho. “E aí, recebo o Lau em um caixão. Tiraram meu Lau”, desabafou.
Liliane relatou que o marido era um parceiro em tudo e trabalhou como gari por sete anos em uma empresa de limpeza urbana em Belo Horizonte.
Detalhes do crime
No dia do ocorrido, testemunhas contaram à polícia que Laudemir e outros garis recolhiam o lixo quando o empresário passou com seu carro.
Renê solicitou que o caminhão fosse movido para que pudesse passar com seu veículo elétrico. Após uma breve discussão com a motorista do caminhão, ele desceu do automóvel e disparou contra os trabalhadores.
Laudemir foi atingido na região da costela. O empresário fugiu do local em seu veículo. A vítima foi socorrida e levada a um hospital local, mas não resistiu às lesões. A causa da morte foi uma hemorragia interna provocada pelo projétil alojado em seu corpo.
A prisão de Renê ocorreu horas depois em uma academia de luxo no bairro Estoril, por meio de ação conjunta das polícias Civil e Militar. Ele foi encaminhado ao Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso.
O empresário passou por audiência de custódia na quarta-feira (13/8), quando sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
Prisão preventiva
O juiz Leonardo Damasceno, responsável pela decisão da prisão preventiva, demonstrou surpresa com a indiferença do réu após o crime.
Na audiência, o magistrado ressaltou que a vítima prestava um serviço público essencial para a sociedade de Belo Horizonte. Ele comentou que o acusado, aparentemente armado e motivado por uma discussão de trânsito, agiu de forma violenta ao tentar passar pelo local.
O juiz destacou ainda o comportamento de Renê após o ocorrido: “Ele comete um ato grave e depois vai treinar na academia. Isso requer uma análise profunda do perfil do réu.”
A defesa do empresário destacou que ele não possui antecedentes criminais, tem residência fixa, e solicitou que o processo fosse mantido em sigilo, pedido que foi negado. O juiz afirmou que há evidências fortes que justificam a manutenção da prisão preventiva.
Durante a audiência, Renê negou o envolvimento no crime, alegando que foi ao trabalho, passeou com o cachorro e depois foi à academia, onde foi preso. Também afirmou que as testemunhas o confundiram com outra pessoa.
Medidas do Ministério Público
O Ministério Público de Minas Gerais informou que Renê permanecerá detido até a conclusão das investigações relativas ao caso.