Entre 2024 e 2025, foram registradas 3.559 ocorrências de violência dentro ou perto das escolas do Distrito Federal, segundo dados da Polícia Civil. Só em 2024, foram 2.210 casos, e nos primeiros sete meses de 2025, já são 1.349, indicando que o problema continua grande.
As regiões com mais registros são Brasília, Ceilândia, Taguatinga, Gama e Samambaia, que juntas somam mais da metade dos casos. Outras áreas como Asas Sul e Norte, SIA, Cruzeiro, Vila Planalto e o centro também apresentam muitos registros por abrigarem muitas escolas públicas e privadas.
Comparando os primeiros semestres de 2024 e 2025, houve um aumento de 2% nos casos. Ceilândia teve crescimento de 6%, Gama e Samambaia tiveram aumentos maiores, enquanto Taguatinga e Santa Maria apresentaram queda.
Ameaças e agressões são os crimes mais comuns
As ameaças representam a maior parte dos crimes, seguidas por lesões corporais, injúrias e vias de fato. Furto de celular e crimes contra a honra também aparecem nas estatísticas. Foram registrados ainda 93 casos de bullying, 89 de importunação sexual e 84 de injúria racial. Muitas vezes, as ocorrências envolvem mais de um tipo de crime.
A maior parte das vítimas são adolescentes entre 12 e 17 anos, representando 41% do total, com as meninas sendo mais afetadas (55,8%). Crianças de 6 a 11 anos também aparecem com frequência entre as vítimas.
Especialista explica motivos e indica soluções
Fagner Dias, especialista em segurança pública, afirma que o aumento nos registros não significa necessariamente mais violência, mas uma melhoria na forma de coleta e registro dos dados. Antes, muitos casos não eram notificados.
Ele aponta como causas também a falta de profissionais para mediar conflitos nas escolas e a vulnerabilidade social das regiões onde estão muitas escolas. O ambiente escolar reflete os problemas do entorno.
Para melhorar a segurança, é necessária capacitação constante, políticas socioemocionais e infraestrutura adequada. Também é importante formar profissionais para mediação de conflitos e fortalecer as equipes escolares. Programas sociais que trabalham o desenvolvimento emocional, como o Proerd, são eficazes e poderiam ser ampliados ou ter novas iniciativas inspiradas em exemplos de sucesso.
No entorno, reforçar o policiamento comunitário e melhorar o design ambiental da escola — como iluminação, pintura, faixas de pedestres e calçadas — ajudam a reduzir crimes e a sensação de insegurança.
Fagner Dias também destaca a influência da família no comportamento dos alunos, principalmente em regiões pobres, onde a ausência de responsáveis e a desagregação social afetam o ambiente escolar. O enfrentamento da violência deve envolver várias secretarias e órgãos de segurança para ser eficaz, citando o programa CPTED como uma iniciativa importante que precisa ser bem aplicada.
Casos recentes mostram a importância das ações
Um caso em destaque foi no Centro de Ensino Fundamental 31, em Ceilândia, onde foram registrados vídeos de alunos com facas e fazendo ameaças. A direção da escola e a Polícia Militar agiram rapidamente, intensificando o monitoramento e adotando medidas administrativas.
Em 2025, o batalhão de policiamento escolar já realizou 101 visitas no local para garantir a segurança. A comunidade também é incentivada a colaborar com denúncias para manter a ordem.
Medidas pedagógicas e acolhimento
A Secretaria de Educação confirmou que os responsáveis pelos estudantes envolvidos foram convocados e que não houve agressão física. A escola trabalha com a Assessoria Especial de Cultura de Paz para acompanhar o caso, além de reforçar o policiamento e realizar ações educativas.
A rede pública não tolera comportamentos que coloquem em risco a comunidade escolar e aplica medidas como advertência e suspensão quando necessário, conforme o Regimento Escolar.
Desafios a superar
O relatório da Polícia Civil serve para guiar políticas públicas que protejam a comunidade escolar. As ocorrências levam em conta diferentes formas de violência, como ameaças, agressões físicas, violência psicológica e discriminação, o que exige uma resposta conjunta das escolas, segurança pública e famílias.
Transformar a escola em um espaço seguro e de diálogo, onde a prevenção da violência seja constante, é o grande desafio que precisa ser enfrentado.