Vídeos falsificados usando inteligência artificial têm causado polêmica na disputa entre governistas e opositores, após a revogação do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Dentre os alvos estão Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, primeira-dama, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Um personagem chamado “Hugo Nem Se Importa” é inspirado no presidente da Câmara. Os vídeos humorísticos que zombam de Hugo Motta mostram um jantar com empresários, imitando um encontro real que ocorreu em 30 de junho.
Um deep fake envolvendo Janja simula a primeira-dama segurando sacolas de marcas caras. Outra imagem criada por IA mostra Moraes e Janja tomando espumante em um avião.
O personagem “Hugo Nem Se Importa” diz em um dos vídeos: “O Congresso já decidiu: nada de taxar vocês. Mas congelar o salário mínimo? Isso a gente faz com prazer”.
Em outra cena o personagem fala: “Podem beber e comer à vontade, o reembolso serve justamente para isso: aproveitar o suor do povo”. Segundo reportagem do portal Metrópoles, Hugo Motta pediu reembolso de R$ 27 mil à Câmara referente a um jantar com aliados em outubro de 2023.
O deep fake de Janja faz referência a um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportou a primeira-dama e Alexandre de Moraes, também noticiado pelo Metrópoles. No vídeo, a aeronave exibe a inscrição “FAB Uber”. A montagem diz: “É ótimo ser a primeira-dama, uma vida de sonho viajando o mundo às suas custas”.
Em 25 de junho, o Congresso derrubou um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que elevava as alíquotas do IOF, algo inédito em três décadas.
Os parlamentares que votaram pela derrubada dizem que impediram o aumento da carga tributária. Já a Advocacia-Geral da União (AGU), representante do governo, argumenta que só o Poder Executivo pode alterar as alíquotas, conforme a Constituição.
Enquanto o governo recorre ao STF, a base governista intensificou críticas à oposição, reforçando a divisão entre “nós contra eles” e apresentando alguns congressistas como inimigos do povo.