O vice-governador do Tocantins, Laurez Rocha Moreira (PSD), assumiu provisoriamente o comando do governo estadual, substituindo o governador Wanderley Barbosa (Republicanos), que foi afastado do cargo por seis meses após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). A investigação envolve suspeitas de fraudes na aquisição de frangos e cestas básicas durante a pandemia da Covid-19.
A mudança foi publicada no Diário Oficial do estado em 3 de setembro, horas após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Por determinação do ministro relator do processo, Mauro Campbell, a esposa do governador, Karynne Sotero Campos, que exerce o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada.
Logo após assumir, Laurez Moreira publicou no Diário Oficial a exoneração de 51 servidores do primeiro escalão do governo, substituindo-os por pessoas de sua confiança. Entre os cargos exonerados estão secretarias importantes como Casa Civil, Saúde, Educação, a Procuradoria-Geral do Estado, além dos comandantes da Polícia Militar e dos Bombeiros, e presidentes de institutos estaduais como o de Gestão Previdenciária (Igeprev) e o da Natureza do Tocantins (Naturatins).
A operação da Polícia Federal, que corre em segredo no STJ, indicia um esquema de desvio de recursos públicos ocorrido entre 2020 e 2021. Segundo a PF, durante o estado de emergência em saúde pública, contratos de fornecimento de cestas básicas foram fraudados. Os contratos somam aproximadamente R$ 97 milhões, com prejuízo estimado em R$ 73 milhões aos cofres públicos.
Recursos desviados teriam sido usados para investimentos em imóveis de luxo, compra de gado e gastos pessoais.
Na segunda fase da Operação Fames-19, a PF também mirou deputados estaduais e empresários ligados ao fornecimento dos alimentos, revelando que empresas vencedoras de licitações eram previamente escolhidas, enquanto outras apenas simulavam concorrência.
Mais de 200 agentes cumpriram 51 mandados de busca e apreensão em várias cidades, incluindo Palmas e Araguaína (TO), Distrito Federal, Imperatriz (MA) e João Pessoa (PB). Os mandados abrangeram o Palácio Araguaia, sede do governo, e a Assembleia Legislativa do Tocantins.
O STJ determinou o bloqueio dos bens e contas dos envolvidos, entre os quais está a Pousada Pedra Canga, em construção na Serra de Taquaruçu, que aparentemente foi financiada com recursos desviados.